A qualidade do queijo artesanal de leite cru, um dos símbolos mais representativos da consagrada gastronomia mineira, foi reconhecida muito além das fronteiras de Minas Gerais. O produto, que já tinha conquistado o paladar dos brasileiros, sendo considerado Patrimônio Imaterial, caiu também no gosto dos franceses, um dos povos mais entendedores da iguaria, e que produzem os queijos que estão entre os mais apreciados do mundo.
Em uma das mais bem-sucedidas missões técnicas organizadas pela Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), nossos produtores das regiões de Alagoa Grande, Araxá, Campos das Vertentes, Canastra e Serro, já certificadas pelo IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária), e Cruzília, município ainda não demarcado, conquistaram 12 medalhas no Mundial de Queijo, em Tours, na França.
Além das três medalhas de bronze, sete de prata, uma de ouro, Minas Gerais conquistou também a superouro, a mais importante da competição, com o queijo produzido por Marly e Joel Leite, na Fazenda Caxambu, em Sacramento, Alto Paranaíba. Estas premiações elevaram nossos queijos a um inédito patamar de reconhecimento. Jamais recebemos de um júri internacional tantas medalhas em um único evento. Isso comprova que o nosso queijo se equipara em paladar e qualidade aos melhores produzidos mundo afora, já que mais de 20 países participaram do mundial na França.
As medalhas conquistadas pelos produtores do queijo minas artesanal de leite cru são o resultado do aprimoramento do nosso queijo de geração em geração, com a construção de uma história de dedicação, trabalho e sucesso. Mais do que merecidas, estas medalhas coroam o empenho e o compromisso dos nossos queijeiros, que travam luta diária para atender às exigências da nossa legislação, que é mais voltada para a grande indústria, portanto, muito fora da realidade dos pequenos empreendedores, que trabalham seriamente para produzir com qualidade e agregar valor aos produtos.
E, por falar em lei, o estado prepara nova legislação para a produção de queijo artesanal. Para que ela atenda às necessidades dos pequenos produtores, eles querem discutir seu teor, oferecer contribuições de quem realmente entende do negócio e da forma de produzir. A Faemg já mobiliza os produtores para participarem das discussões. Outra luta da Federação, que irá beneficiar os produtores de queijo, é a criação do fundo de sanidade animal, cuja proposta para um projeto de lei foi entregue por mim ao governador Fernando Pimentel. A expectativa é de que seja sancionado durante a Megaleite, no fim deste mês. Os produtores de queijo que tiverem de sacrificar animais por causa de brucelose, serão ressarcidos pelo fundo para adquirirem novas reses.
A Missão Técnica da Faemg à França confirmou o que já sabíamos: que nosso queijo é de alta qualidade, mas nos chamou a atenção para uma nova realidade: a participação direta de jovens e mulheres na produção. Na Missão tivemos muitos jovens com curso superior, mestrado e doutorado, que voltaram ao campo para viver da produção de queijo. Também foram várias mulheres, cujo ingresso na atividade foi fundamental para a melhora da qualidade do Queijo Minas Artesanal. Esses jovens e mulheres viram, na produção de queijos com maior valor agregado, a possibilidade de a família viver exclusivamente da atividade. Isso significa investir em conhecimento, novas técnicas e profissionalização da produção.
Entendendo o queijo como identidade do estado, a Faemg, que privilegia a cadeia em suas comissões, inovou ao criar no ano passado, a Comissão do Queijo Minas Artesanal. E, para reforçar esta importância, estamos preparando o 1º Festival do Queijo Minas Artesanal do Queijo de leite cru, na Serraria Souza Pinto, de 28 a 30 de julho.