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Os números do Árbitro de Vídeo no Brasil

Já fazia algum tempo que a FIFA simplesmente se recusava a cogitar, discutir, ou mesmo especular sobre o uso de recursos tecnológicos para auxiliar os árbitros em lances polêmicos. Até então, o árbitro de futebol era deixado sozinho, numa arena cercada de leões ferozes e vorazes, vendo-se obrigado a decidir em velocidade real, em frações de segundos a legalidade ou não das jogadas. A ausência de uma segunda chance para rever determinado lance criava brechas para injustiças originadas de interpretações equivocadas dos apitadores. Afinal, que jogador, equipe ou torcedor nunca se sentiu prejudicado pela arbitragem?

E não é que o árbitro de vídeo ou mesmo “VAR” (já mundialmente conhecido) chegou com tudo no Brasil, para alegria de uns e tristeza de outros! Com o advento do árbitro de vídeo, sem sombra de dúvidas, passamos a ter outro olhar para as partidas de futebol.

No futebol, seguramente mais do que em qualquer outro esporte, o árbitro é um agente muito importante nas variações de dinâmica do jogo devido às inúmeras possibilidades e interpretações que a partida futebolística proporciona. Símbolo de autoridade e imparcialidade, o juiz de futebol é quem tem o papel de evitar a violência improdutiva e as jogadas irregulares em nome da disciplina e da valorização do espetáculo.

Agora, com um reforço de peso. O árbitro de vídeo já se tornou realidade e está presente em todas as rodadas da série A do Campeonato Brasileiro. E para aqueles que pensam que o VAR não trouxe benefícios aos jogos, aos árbitros, atletas, enfim, a todos envolvidos neste apaixonante esporte, apresentamos um balanço dos números da utilização do árbitro de vídeo nas 16 rodadas do nosso Brasileirão.

Nas situações de pênaltis (índice de acerto) sem o VAR representa 69,23%. Já com a presença do VAR, obtivemos impressionantes 92,55%. Situações de impedimento (índice de acerto) sem o VAR: 86,8% e com a presença do VAR uma marca também expressiva: 93,5%. E quando falamos em mudança de decisões, foram 79 em 159 jogos. São elas:

-Impedimento corrigido para GOL: 16
-Gol validado anulado por impedimento: 9
-Pênalti marcado após revisão: 23
-Pênalti desmarcado após revisão: 7
-Gol anulado por mão do atacante: 3
-Cartão vermelho aplicado após revisão: 10
-Cartão vermelho retirado após revisão: 2
-Erro de identificação corrigido: 3
-Adiantamento de goleiro em pênalti: 2
-Falta em fase de ataque: 4

E quando o assunto são os erros capitais, até a 16ª rodada do campeonato brasileiro 2018, foram computados 104 (situações protocolares). Já em 2019, apenas 14. Nas decisões capitais (índice de acertos) sem o VAR totalizam 77,4%. Com o advento do árbitro de vídeo, pasmem: 98,0%.

Quando o assunto é situações de pênaltis (incide de acertos), sem o VAR temos: 69,23%. E com a tecnologia atingimos 92.55%. Nas situações de impedimentos (índice de acertos), sem o VAR: 86,8%. Com o VAR: 93,5%. Erros capitais que foram corrigidos representam apenas 25.

Muito se fala da demora nas revisões e checagens e da perda de tempo que isto ocasiona para o jogo. O objetivo da Comissão de Arbitragem da CBF é atingir o índice de 1 minuto e 20 segundos de média. Não é uma tarefa das mais fáceis, porém os árbitros brasileiros possuem capacidade para atingir essa meta. Basta a realização de mais treinamentos, a própria experiência adquirida nos jogos e um pouco mais de paciência por parte dos jogadores, técnicos, dirigentes, torcedores e principalmente da imprensa.

Pouco se comenta na imprensa, mas numa partida se perde muito mais tempo com substituições (2:57s), escanteios (3:57s), tiros livres (faltas e impedimentos – 8:51s), arremessos laterais (7:02s);

Ora, vejamos que a culpa pela perda de tempo está longe de ser, exclusivamente, do VAR. E não é este humilde colunista quem vos diz. São os números! Vamos colaborar e dar nosso voto de confiança aos árbitros e todos aqueles envolvidos com esse grandioso projeto. E não posso deixar de registrar meu agradecimento ao nobre amigo Sérgio Côrrea da Silva, atual responsável pela implementação do VAR no Brasil e que já presidiu com brilhantismo a Comissão de Árbitros da CBF, que, gentilmente, cedeu todas essas valiosas informações e dados estatísticos, provando que a arbitragem brasileira está no caminho certo, buscando a excelência e justiça pelos campos deste imenso Brasil.

*Desembargador do TJMG e Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo