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Ou o Brasil vence a crise ou a crise engole o Brasil

Aécio Neves. Até o fechamento desta edição, Michel Temer (PMDB) continua presidente da República e Aécio Neves (PSDB), o senador – afastado! – fluminense votado em Minas, solto. Diante de acontecimentos tão dinâmicos e estarrecedores, chega a dar preguiça comentar sobre esses dois senhores. É um misto de indignação, raiva e nojo. Não dá para ter, por nenhum dos dois, nenhum respeito público. E faço uma singela observação: por muito menos o ex-senador Delcídio Amaral foi parar atrás das grades.

Talvez, pior que o comportamento de Temer, que, na calada da noite, se encontra com um empresário acusado das piores práticas, seja a cara de pau de Aécio em negar aquilo que é evidente aos olhos de todos. É uma vergonha para Minas! Na tal conversa com Joesley Batista, o vocabulário do senador é chulo, ridículo e típico de gente vagabunda. Foi uma linguagem de criminoso mesmo. E não venham pensar que a conversa se deu em caráter privado, porque ali se discutia assuntos públicos e de interesse público.

Não é novidade para ninguém que Aécio sempre se achou o herdeiro do trono. Esse duro golpe – afastamento do mandato e a prisão da irmã – foi apenas o começo do fim. Ainda que sobreviva politicamente e escape da Justiça, ele pode se conformar em ser, no máximo, deputado federal com base em Cláudio e em São João del-Rei, idolatrado por jecas e morando no Leblon.

Em tempo: veremos se, agora, finalmente essa turma de deputados mineiros que sempre andaram a reboque dele, cai na real e nos ofereça algo melhor e mais promissor! Em relação ao grampo envolvendo o jornalista Reinaldo Azevedo e Andrea Neves, é obvio que é uma violação latente ao Estado de Direito e ao mandamento constitucional do sigilo da fonte jornalística. Entretanto, não menos evidente é que Reinaldo sempre foi um tucanóide empedernido, porém coisas muito piores vitimaram muitos colegas jornalistas em Minas na época em que Andrea mandava e desmandava no governo. Para quem sabe ler, um pingo é letra.

Governo Temer. Se antes o presidente já não tinha a legitimidade do voto popular, a crise fez acabar de vez com qualquer condição dele exercer a Presidência da República. Temer deveria fazer um gesto de grandeza e renunciar, se aposentar, ir para casa. O país não pode ficar à deriva, como está: desemprego crescente, crise econômica, moral e política. O Brasil está de cabeça para baixo e Temer não parece ter condições de reorganizar as coisas.

É preciso um governo de transição para que em 2018 consigamos eleger alguém realmente com capacidade de nos liderar. Falo 2018 porque não embarco nessa furada de eleições diretas agora. Além de não haver previsão constitucional para isso, outros quesitos precisam ser respondidos: quanto tempo seria o mandato desse novo presidente? Quanto custaria essa eleição extemporânea? Sabendo das propinas pagas sobretudo ao PT, alguém confiaria na fonte de recursos dessa sigla? São questões que precisam ser esclarecidas.

O que não podemos é ficar reféns de um governo atolado em denúncias de corrupção, liderado por um presidente da República sem apoio popular e também acusado de práticas incompatíveis com a dignidade do cargo que ocupa. Ou o Brasil e os brasileiros de bem vencem a crise ou a crise engole o Brasil. Não há outro caminho.