No texto passado falava de como Minas anda sem prestígio político em Brasília. Ante tanta confusão, nem sei se dá para lamentar. De fato o governo Temer é um cadáver adiado. Não questiono a legitimidade do presidente, pois ela há, porque ele tomou posso mediante um processo legítimo que foi o impedimento da ex-presidente Dilma. Mas Michel Temer se cercou por nomes obsoletos, notoriamente envolvidos em escândalos e com suspeitas pairando até nas almas. É a máxima: “diga-me com quem tu andas que te direi quem tu és”.
Se o processo jurídico do impeachment foi legítimo, não posso afirmar a mesma coisa das suas motivações. O principal ator político que desencadeou este processo, o PSDB, hoje se encontra em situação moral tão suja como a do PT. Pairam suspeitas sobre Aécio Neves – o senador fluminense votado em Minas! -, o governador Geraldo Alckmin e o senador José Serra. Aqui para nós, interessa muito mais a situação delicada de Aécio. São cinco inquéritos no âmbito da Lava Jato e não é coisa de gente inteligente achar que a operação vale só para petistas. Pegou mal.
Vi outro dia, aqui em BH, uma pesquisa publicada pela imprensa escrita, em que trazia quadros de disputas simuladas para o governo do Estado e para o senado. Em ambas, Aécio liderava o quadro. Duvido. Tentei consultar o site do instituto para ter mais dados da pesquisa. Até achei, mas muito confusos e com técnicas duvidosas. Pelo pouquinho mais de 10 anos atuando em campanhas por todo o Estado, acho que hoje Aécio consegue se eleger deputado federal. Até para senador a coisa fica feia para ele.
Minas se encontra num vazio tão grande de lideranças que hoje há espaço para qualquer outsider aparecer e talvez convencer. “Ah, mas Aécio cogita voltar a morar em BH para organizar sua base!”, ouvi isso de um deputado estadual do PSDB, outro dia. Respondi: “o simples fato de um senador da República não morar no seu Estado, não precisa nem ser na sua capital, já nos dá uma ideia do seu interesse real pela coisa”. Não podemos chegar em 2018 com o espírito de 2014, quando ele brotou aqui com o Pimenta da Veiga e viu no que deu. Minas Gerais não é o Amapá. E aqui a gente não precisa de nenhum Sarney. Por falar em Sarney, Aécio deveria cair da real, perceber que não é o herdeiro do trono e que presidência é destino, tanto destino que nem Tancredo de fato a exerceu…
“Minas são muitas. Porém poucos são aqueles que conhecem as mil faces das Gerais”, escreveu Guimarães Rosa.
Esta na hora de Minas identificar um novo líder que tenha conhecimento do seu território, da sua gente, da sua economia, das suas necessidades. Não é de um gabinete de Brasília, de um escritório de Belo Horizonte ou das praias do Leblon que sairá essa pessoa. É preciso ter os sapatos gastos, sujos de poeira e que seja um líder que nos ofereça proteção, orientação e segurança. O campo esta em aberto. Mas nosso chão é fecundo. Minas precisa voltar a ser o equilíbrio da Nação.