O mercado de produtos e serviços para animais de estimação não sofreu grandes retrações diante da recessão econômica nos últimos anos no país, como ocorreu com os outros setores. De acordo com os dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), em 2016, o setor faturou R$ 19 bilhões no Brasil – crescimento de 5,7% em relação a 2015, quando fechou em R$ 18 bilhões. Porém, esse número foi o menor registrado pelo segmento nos últimos 6 anos.
Já no ranking mundial, de acordo com a Abinpet, o Brasil ainda é um dos principais países do mercado pet mundial, ocupando o terceiro lugar no faturamento, representando 5,3% de US$ 102,2 bilhões até setembro de 2016. Os países que mais faturam no setor são: os Estados Unidos com 42% do faturamento total, seguido pelo Reino Unido (6,7%), Brasil (5,3%), Alemanha (5,1%), França e Japão (ambos 4,6%), Itália (3,1%), Austrália (2,6%), Canadá (2,5%) e Rússia (2,1%).
O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), José Edson Galvão de França, explica que o mercado pet se estagnou com a crise econômica, apesar do crescimento em 2016. “Consideramos que o setor mantém uma certa resiliência no que diz respeito aos outros segmentos econômicos devido a relevância que os animais têm para a família brasileira. Há uma relação afetiva que coloca o pet automaticamente dentro do orçamento doméstico”.
O pet food (comida para animais) é o principal segmento da indústria nacional, em 2016, ele foi responsável por 67,6% do faturamento total. Já o pet serv (serviços), representou 16,4%, pet care (equipamentos, acessórios, produtos de higiene e beleza), com 8,2% e o pet vet (medicamentos) teve 7,8% do faturamento total do mercado.
Perfil do consumidor
O presidente da Abinpet destaca que 60% do consumo dos produtos destinados aos pets são provenientes das classes C, D e E, contudo, eles são muito sensíveis aos preços, se ocorre aumento, há queda nas vendas. “No Brasil, o acréscimo do preço das matérias-primas agropecuárias (milho, soja, arroz, trigo e carnes de aves, bovinos e peixes), que compõem 95% do alimento pet, impacta o custo final, atingindo o consumidor. Em cada alimento embalado, incidem 51,2% de impostos – entre IPI, ICMS-ST, Pis/Cofins. Portanto, a cada R$ 1 gasto com alimento completo, R$ 0,51 é de impostos. Dessa forma, o acesso a produtos e serviços torna-se difícil à população, principalmente a de menor renda”.
Ele ressalta que esse tipo de tributação é feita por que o setor é considerado supérfluo. “Isso não condiz com o entendimento e reconhecimento dos benefícios mútuos da interação entre homens e animais para a saúde e bem-estar pela sociedade. Os pets são membros da família. Além disso, estudos já mostram que os animais trazem excelentes resultados em tratamentos terapêuticos e em políticas de inclusão social”.
Tendências
É crescente o número de lojas direcionadas para atender animais de estimação. Em Betim, um pet shop foi aberto dentro de um shopping – um diferencial para quem só pode ser atendido fora do horário comercial. A proprietária do pet shop, Helen Medina, conta que abriu o negócio há 2 anos e meio. “Por enquanto, os resultados ainda não são positivos, mas estamos tendo avanços”, conta. Neste ano, ela tem o objetivo de operar em capacidade máxima no pet serv. “Esperamos que o shopping cresça para alavancarmos as vendas assim como estamos indo bem no segmento de banho e tosa – que tem contado com a ajuda na divulgação, por meio de muitos clientes”.
Segundo o presidente da Abinpet, as principais tendências em 2017 no setor para as micro e pequenas empresas está na prestação de serviços e lojas de pet shop, além do desenvolvimento de aplicativos para a busca de cuidadores e hotéis especializados. “Outra grande tendência são estabelecimentos pet friendly, ou seja, que aceitem pets ou esteja adaptados a recebê-los. Outro ponto é o banho e tosa, para quem deseja atuar nesse segmento existem cursos especializados de capacitação”, conclui.
Em números
Segundo o IBGE, estima-se que o Brasil tenha mais de 132 milhões de animais de estimação, os mais comuns são: cães (52 milhões), aves (38 milhões), felinos (22 milhões) e peixes (18 milhões) nos lares brasileiros.
O casal Liliane e Frederico Moutinho fazem parte da estatística brasileira, eles tem dois cães e um aquário. O casal gasta em média com os cães, R$ 285 por mês, entre alimentação, petiscos, frutas e medicamentos. Em relação ao banho e tosa, eles não utilizam o serviço frequentemente, pois preferem dar banho nos animais em casa. “ENós tínhamos alguns itens, para o aquário, como termostato e filtro. Desta vez compramos apenas os peixes e a ração. Gastamos em média R$ 62. Quanto ao custo mensal, ainda não colocamos na ponta do lápis”.
O advogado Thiago Silva Magalhães tem um cachorro. Ele conta que gasta em média R$ 350 por mês. Entre os serviços e produtos que mais utiliza estão: banho, tosa, ração, petiscos e medicamentos contra parasitas. Quando o orçamento fica reduzido, Magalhães diz que posterga a tosa e o banho, ao invés de semanal, realiza o serviço quinzenalmente.