Mesmo em tempos de crise econômica, o agronegócio brasileiro mantém seu potencial de desenvolvimento e continua a crescer. Em Minas Gerais, até outubro do ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) do setor avançou 6,73% em relação aos 10 primeiros meses de 2015, atingindo R$ 200,904 bilhões. A participação mineira alcançou, naquele mês, 13,7% do PIB agropecuário nacional. A agricultura faturou R$ 109,598 bilhões (54,5% do total) e a pecuária R$ 91,306 bilhões (45,45%).
Apesar dos resultados expressivos, a agropecuária nacional enfrenta numerosos problemas que, por sua longa duração, vão se tornando crônicos. Entre eles, avulta a deficiente infraestrutura, que prejudica e onera o escoamento da produção. O empresariado rural tem reivindicado investimentos oficiais em portos, aeroportos e, especialmente, na malha rodoviária, para que os alimentos possam chegar normalmente a seu destino, como ocorre nos países concorrentes do Brasil no mercado mundial. Essa disparidade torna impossível a pretendida e necessária ampliação das exportações.
O agronegócio brasileiro adota há anos tecnologias de ponta, que contribuem para o aumento da produção e a produtividade de grãos, mesmo sem ter conseguido a solução de graves obstáculos. Além da questão da instabilidade da energia rural, as propriedades mais distantes não contam com internet, nem telefonia celular, o que dificulta a comunicação com os centros de comercialização e agrava a insegurança no campo.
Outro entrave ao avanço agropecuário, os efeitos do excesso de burocracia das licenças ambientais e normas sanitárias têm impacto negativo expressivo no crescimento da produção. O campo não defende benefícios, mas precisa de mais agilidade na concessão das licenças, para explorar corretamente e preservando o meio ambiente, todo o seu potencial produtivo.
Os problemas estão por toda parte. O Programa Queijo Minas Artesanal, por exemplo, tem ampla possibilidade de crescimento, mas é prejudicado por uma legislação injustificadamente restritiva. É um absurdo que o tradicional e saudável produto mineiro não possa ser vendido em outros estados, sob a alegação de ser fabricado com leite cru, enquanto seus similares franceses cruzam as fronteiras do mundo.
É necessário acrescentar ao rol de problemas a inexistência do Fundo de Defesa Sanitária, tema que vem sido discutido na Assembleia Legislativa de Minas e acompanhado com muito interesse pelos produtores. Trata-se de instrumento capaz de permitir a erradicação de doenças (aftosa, brucelose e tuberculose, entre outras), garantindo ao produtor a justa indenização por animal abatido.
O agronegócio merece o reconhecimento da sociedade e dos governos, porque, além de ser economicamente fundamental, é fator de desenvolvimento social: mantém o homem no campo, gera empregos nos diversos elos da cadeia produtiva e garante a segurança alimentar da população. Apesar de tudo isso, o agronegócio não tem recebido o devido respaldo governamental, para ser ainda mais pujante e contribuir mais acentuadamente para o desenvolvimento econômico e social de Minas e do Brasil.
*Presidente do Sistema Faemg – imprensa@ faemg.org.br