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Brasileiros estão entre os mais desmotivados no trabalho

O funcionário brasileiro é um dos que mais trabalha desmotivado em todo o mundo. Segundo um estudo realizado pela McKinsey, a saúde organizacional das empresas não anda bem por aqui. Estima-se que a nota média de motivação é de 45, em uma escala que vai de 0 a 100, no país. O resultado é inferior à média mundial de pontos registrados, que foi de 55.

Outra pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva mostra que 56% dos trabalhadores formais estão insatisfeitos no emprego, o número corresponde a um grupo de 18,7 milhões de pessoas que trocariam de posto por mais alegria no trabalho.
Os principais motivos para essa realidade são falta de reconhecimento e ausência de oportunidades. Para o coach e diretor do Instituto Prosperidade Eficaz, André Bax, as pessoas têm sentido uma cobrança grande, principalmente, pelo atual momento que o país vive. “Com a crise econômica que se instalou de 2014 para cá, criou-se uma pressão por resultados, só que não há reconhecimento proveniente dessa alta exigência e isso gera frustração”.

Para a coordenadora do Núcleo de Apoio à Carreira (NAC) do Centro Universitário Estácio de Belo Horizonte, Míria Reis, o quadro de incerteza é outro motivador do descontentamento. “É uma insegurança geral: política, econômica, alto índice de desemprego, descrença no sistema judiciário em virtude de todas as decisões que são tomadas no nível social, falência ideológica e de valores”.
Mas, o fator econômico, na visão de Míria, pesa. “Ele afeta as empresas e, cada vez mais, os negócios faturam menos. Vários empreendimentos estão fechando as portas. Muitas empresas, devido à recessão e para não demitir funcionários, tem que cortar benefícios, congelar salários, dar férias coletivas e isso vai ao desencontro dos interesses do trabalhador”.

As atuais medidas econômicas também são citadas pela profissional. “As reformas da Previdência e Tributária não agradam aos funcionários, que visam segurança, estabilidade e boa remuneração e não é o que vivem no momento. Inclusive, muitos profissionais têm aceitado trabalhar em áreas que não são de seu interesse e recebido menos para sustentar suas famílias”, aponta Míria.

Bax atribui à desmotivação também às lideranças empresariais. “Há muito investimento na área técnica e pouco em competências emocionais. Agora é que as empresas começaram a prestar atenção nesse ponto, porque ele melhora o ambiente. Lidamos com o ser humano e entender o que motiva é importante para gerar resultados”.

Ele acrescenta que falta a prática do feedback positivo. “Muitos acreditam que estão valorizando o funcionário ao pagar seu salário e não é assim. Pesquisas apontam que a primeira coisa que o empregado busca é o reconhecimento, depois uma relação sadia com os colegas, em terceiro uma infraestrutura adequada para prestar seu serviço e, por fim, o dinheiro”.

Como mudar?
Segundo o coach, o primeiro passo para uma mudança é o preparo dessas lideranças. “É preciso buscar treinamentos e formações a fim de desenvolver competências emocionais nesses líderes para que eles repassem isso a outras pessoas”.
O estilo de liderar também precisa ser renovado. “Gente tem que ser tratado como gente, por isso é relevante que as lideranças se preparem para todos os perfis de funcionários que pode vir a ter”, informa Míria.

Ela ressalta ainda que cumprir os compromissos também é um fator motivacional. “Pagamentos de salário e 13° em dia, deixar o funcionário escolher quando deseja sair de férias e programar as folgas provenientes do banco de horas extras. Quando a empresa precisa que o funcionário chegue mais cedo, fique até tarde, é ela quem escolhe o dia para tal. Sendo assim, é preciso uma maleabilidade dos dois lados”.

Papel do funcionário
Bax elucida que o funcionário também deve fazer uma avaliação do que passa dentro da empresa para, assim, decidir se seu tempo de permanência ali chegou ao fim. “Em uma relação entre o indivíduo e o ambiente, o ambiente sempre vence. Claro, precisamos trabalhar com gratidão e valorizar ao máximo o local onde estamos, mas, se a pessoa só recebe feedback negativo e não se sente respeitada, é preciso entender que ali não é o lugar dela”.

O local de trabalho da auxiliar administrativa Bárbara Moura já não a agradava. “O salário era razoável, alguns benefícios ajudavam bastante, mas o estresse que eu passava não compensava. Eram só críticas destrutivas e ouvia coisas que não merecia”.

Quando decidiu que não dava mais para continuar, ela se planejou. “Já estava fazendo cursos no ramo da estética para tentar complementar a renda. E, hoje, a área da beleza virou meu ganha pão. Sou minha própria chefe e não preciso lidar com implicâncias sem fundamento. No começo de 2020 vou me formalizar e pretendo abrir um espaço fixo”, conclui
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