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Mineiros marcam território no poker nacional

Segundo dados oficiais da Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH), entidade máxima do poker nacional, já são mais de 8 milhões de praticantes do esporte intelectual nas modalidades online ou live no país. Graças aos esforços da CBTH, desde 2012, o poker é reconhecido como um esporte mental pelo Ministério dos Esportes.

Praticar poker exige inteligência, concentração, habilidades intelectuais e comportamentais. O acaso e a sorte, portanto, não são variáveis aceitas, pelo menos, não na cabeça de um campeão. Não foi com isso que o experiente Fábio Issa, hoje, presidente da Federação Mineira de Texas Hold’em (FMTH), e campeão em 2014 contou.

Em 2008, Fábio trabalhava em um jornal de BH, quando aceitou o convite de jogar nas terças-feiras com os colegas. Tomou gosto e logo no primeiro torneio em um clube, no alto da Afonso Pena, ficou em primeiro lugar, levando R$ 650,00, o equivalente ao seu salário na época. “A partir dali, me interessei e comecei a estudar”, diz.

Naquela noite, a primeira colocação foi dividida com Marcelo Lanza, outro campeão mineiro de poker. Marcelo, ex-presidente da FMTH, é o atual técnico da seleção mineira de poker e apresenta com Guilherme Kalil, o Pokercast, podcast sobre o esporte e suas competições.

Para os mineiros, apesar dos preconceitos terem diminuído, ainda há um caminho a ser percorrido. “Embora todos saibam que é um jogo de habilidades, que envolve estudo e matemática, o baralho ainda é mal visto na sociedade, então, tem quem ainda ache que é um jogo”, explica Fábio.

Mas o cenário tende a melhorar, acredita o técnico da seleção mineira de poker, “Grandes esportistas como Neymar, Xuxa, Rodrigão, Guga e Denilson são jogadores de poker e, ao associarem suas imagens à prática, ajudam a desmistificar aquela história do ‘meu avô perdeu uma fazenda jogando’ ou a imagem de jogadores de poker num porão enfumaçado, como era antigamente”, fala Marcelo. Ele, inclusive, é casado com Gabriela Belisário, a primeira mulher campeã brasileira de poker, hoje, líder do ranking feminino e de malas prontas para representar a seleção mineira no campeonato de seleções, que acontece em São Paulo.

Nem o atual campeão mineiro de poker, Márcio Felipe Dornas, de Sete Lagoas, escapa dos estigmas em torno do esporte. “Até hoje não dedico 100% do meu tempo a modalidade por causa do preconceito de familiares. Eles não gostam”, informa. Mesmo com condições de manter o poker como sua principal renda, Márcio Felipe barra em questões familiares e deixa o plano para o futuro.

O Campeonato Mineiro de Poker, torneio de nível estadual que abrange, além de Belo Horizonte, mais 30 cidades do interior, oferece o prêmio no valor de R$ 300 mil por etapa. São oito fases e a final da segunda etapa acontece no próximo dia 21 de maio, na capital, na Poker Live. Para efeito de comparação, em Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, a premiação em torneios estaduais gira em torno de R$ 100 mil.

Brasil e Minas no cenário
Minas Gerais mantém um histórico de bom posicionamento, o atual líder da Global Poker Index (GPI), o mais respeitado ranking de classificação dos melhores jogadores de poker do mundo é encabeçado pelo brasileiro Felipe Tavares Ramos.

Segundo informações do GPI, só os brasileiros cadastrados no índice faturaram, desde 1995, mais de R$ 500 mil. Para Márcio Felipe, o praticante de outros países, como os sempre bem pontuados Canadá e Rússia, ainda se dedicam mais. “Os bons jogadores internacionais são melhores que os brasileiros. Estão em um nível mais alto. O estrangeiro estuda e se dedica mais, além de não passar por preconceitos”.

Para os amadores do poker que sonham em se especializar, um conselho: “Se você tem certeza, siga em frente. Mas com muita dedicação, estudo, disciplina, principalmente no poker online, que está muito difícil. Não tenha em mente que você vai ficar rico da noite para o dia. Não é nenhuma maravilha do mundo, exige consciência”, finaliza Márcio Felipe.

[box title=”Na lei” bg_color=”#e8e8e8″ align=”left”]Nem ilegal, nem fraude ou jogo de azar. A conduta proibida no Brasil, descrita na Lei de Contravenções Penais (LCP), é a de “estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível ao público, mediante pagamento de entrada ou sem ele”. O jogo de azar é aquele “em que o ganho e a perda dependem exclusivamente ou principalmente da sorte”. O que não é o caso do poker.[/box]