As taxas mundiais de inatividade física seguem em alta. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 27% das pessoas em todo o planeta não praticam exercícios. No Brasil, esse índice só cresce. Por aqui, 47% da população não pratica sequer o mínimo recomendado pela OMS, que é de 150 minutos semanais de exercícios em intensidade moderada ou menos de 75 minutos em energia intensa.
O número elevado de sedentarismo no Brasil puxa para cima a taxa média da América Latina, que é de 39,1%. Contudo, o país do futebol é o que tem a população latino-americana mais parada.
O educador físico Luciano Assumpção explica que o sedentarismo pode acentuar doenças. “Por exemplo, uma dor na coluna que nunca vai melhorar sem o auxílio da atividade física. Praticar exercícios melhora a saúde, dores no corpo, energia e mobilidade”.
Ele explica que, sem o hábito e com o passar do tempo, o corpo começa a dar sinais. “Atividades simples como subir em um banco para pegar alguma coisa no armário e amarrar o tênis vão se tornando difíceis. A pessoa vai perdendo as habilidades e, com a idade, isso vai se acentuando. O corpo trava”.
Foram esses sinais que fizeram a operadora de caixa Bruna Fernandes procurar a academia. “Sempre pensei: sou magra, pra que isso? E nem cogitava entrar. Depois que comecei a trabalhar como operadora, o corpo começou a sentir. Eu já era sedentária, fiquei ainda mais. Fico um longo período sentada”.
Ela recorda que um dia, ao correr para pegar o ônibus e ir para casa, ela sentiu o quanto o corpo estava frágil. “O ônibus estava no meio do quarteirão e eu na esquina. Se perdesse, ficaria um tempão esperando e então saí correndo. Quando entrei, fiquei até envergonhada porque não conseguia respirar de tanto que fiquei cansada. Uma pessoa chegou a me ceder o lugar, achando que eu estava passando mal. Nesse dia percebi que precisava cuidar melhor de mim”.
Há 4 meses, ela frequenta uma academia próximo a sua casa. “Vou 3 vezes por semana, porque foi o único jeito que consegui conciliar com a minha rotina. Mas já sinto a diferença, estou mais disposta, enérgica e até a saúde já demonstra melhoras. Tenho enxaqueca e as crises diminuíram bem”.
Diferente de Bruna, a auxiliar administrativo Marília Santiago já pratica atividade física há 3 anos.
“Comecei porque a minha glicose estava alta e o médico disse que sair do sedentarismo era essencial. O exercício me ajudou a mudar o meu estilo de vida, hoje me alimento melhor e durmo bem”.
Ela deu início com musculação, mas hoje já faz outras modalidades. “Faço pilates e estou me arriscando na dança de salão. Tudo mesclado em 4 dias durante a semana. O exercício físico deixou de ser um martírio e virou um momento de escape, de relaxar e de me amar, pois quando a gente se cuida, nosso amor próprio cresce”.
Por onde começar?
Assumpção explica que, para quem nunca praticou exercício, o ideal é começar em um nível mais baixo. “A pessoa sempre quer resultados rápidos e isso é impossível. Três vezes na semana e em curtos períodos é ideal”.
Ele acrescenta que existem três pilares que são essenciais. “O exercício neuromuscular, que seria a musculação ou a ginástica localizada que faz a massa muscular crescer. O alongamento, que pode ser o pilates, por exemplo, e as atividades aeróbicas de moderação leve”.
O educador físico finaliza dizendo para quem vai fazer exercício na rua, o aconselhável é uma caminhada. “Mas é importante a orientação de um profissional da área que vai dizer sobre o calçado, vestimenta, como caminhar e o tempo ideal para cada pessoa”.