Não é novidade que o Brasil é o país do futebol e do carnaval. E toda a folia é regada por uma bebida que, por aqui, a maioria das pessoas amam: a cerveja. Prova disso é que um estudo do Cuponation apontou que o brasileiro tem destinado 14% do seu salário mínimo mensal para o consumo da “breja”.
E os números não param por aí. Dados da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) revelam que o setor é responsável por 1,6% do PIB nacional. Cada R$ 1 investido gera R$ 2,5 na economia. No Brasil são produzidos 14,1 bilhões de litros por ano e o segmento gera 2,7 milhões de empregos. Só no ano passado, o setor faturou R$ 107 bilhões.
O diretor executivo da CervBrasil, Paulo Petroni, faz uma análise do setor. “Desde 2004, estávamos em uma expansão de volume bastante expressivo e até superior ao crescimento da economia. A gente teve, por volta de 10 anos, uma evolução anual de 6%”.
Segundo Petroni, o período de recessão foi como um freio para o ramo. “O crescimento de 6% sofreu queda de ano a ano até chegar a 2%. Em 2018, projetamos uma reação, mas com muita instabilidade. O melhor número em nossa expectativa é acompanhar o PIB, que também sofre variações. Nesse momento, vemos que o volume deve ficar por volta de 1,5% a 2%”.
Ele acrescenta que a indústria cervejeira depende de vários fatores, mas, principalmente, do poder de compra do consumidor. “A inflação, desemprego e endividamento caindo, ajuda. Entretanto, a retomada dá passos lentos”.
Gosto refinado
Um outro aspecto que auxilia o segmento é a sofisticação do paladar brasileiro em relação à bebida. “Estamos vendo um aumento do que chamamos de cervejas especiais. Elas têm sabores diferentes e trazem experiência ao consumo. Esse mercado tem crescido cerca de 25% a 30%, ao ano, nos últimos 4 anos. Em valor absoluto, representa 13%, o que aumenta o preço médio e a lucratividade”, informa o diretor executivo da CervBrasil.
Dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), reforçam o que diz Petroni: o número de cervejarias artesanais teve um desenvolvimento de 37,7% no Brasil em 2017 – 2016 terminou com 493 novos estabelecimentos, já 2017 encerrou com 679 novos estabelecimentos. Outro dado significativo é que 8,9 mil produtos foram registrados por esses negócios em 2017. Uma média de 13 para cada marca.
O engenheiro eletricista Marcelo Peixoto experimentou cerveja aos 18 anos e nessa época a qualidade estava longe de ser prioridade. “Com o passar dos anos sugiram novos rótulos e comecei a experimentar outros estilos, como a cerveja de trigo”.
Em 2010, ele fez sua primeira viagem a Europa e incluiu no roteiro visita a bares e, principalmente, a pesquisa de novas cervejas. Quatro anos depois, Peixoto começou a produzir a própria cerveja. “Trato a produção como um hobby, mas estudo o mercado para ver o processo de comercialização. Antes, eu gastava em média R$ 300 para consumir de 15 a 20 litros. Hoje, com esse mesmo investimento, produzo cerca de 80 até 100 litros de uma bebida excelente”, gaba-se.