A miopia é um transtorno refrativo muito presente na sociedade. Se você não tem, certamente conhece alguém que sofre para enxergar à distância. O problema costuma aparecer durante a infância e tende a progredir nos próximos anos até estabilizar na adolescência ou início da vida adulta. Conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 59 milhões de brasileiros vivem com essa condição, o que representa mais de 25% da população.
De acordo com o médico oftalmologista Felipe Siqueira, a miopia é um erro de refração, quando a imagem se forma antes da retina, o que ocasiona uma visão embaçada dos objetos e imagens que estão mais distantes da pessoa. “As causas exatas são desconhecidas, mas quem tem histórico familiar do transtorno apresenta 20% mais probabilidade de vir a desenvolvê-lo”, explica.
Baixa luminosidade, longos períodos de leitura, uso de medicamentos, diabetes e alta exposição a telas, como smartphone, televisão e videogame também são fatores que podem influenciar o quadro. “Normalmente, as pessoas com miopia também possuem certo grau de astigmatismo associado. A disfunção afeta tanto homens quanto mulheres”.
Ele acrescenta que o olho de quem tem miopia é ligeiramente maior do que as pessoas que não possuem o problema. “Mas isso é quase imperceptível, pois é uma questão de milímetros. O globo ocular também é mais frágil, o que pode desencadear outros transtornos, como maiores chances de sofrer um descolamento de retina. Esse quadro é mais comum em pacientes com 5 graus ou mais”, alerta.
Foi o semicerrar dos olhos que fez a estudante Mariana Martins buscar uma consulta com oftalmologista. “Eu sabia que tinha dificuldade para enxergar e que era quase certo de ser miopia. Ler o quadro ficava impossível se eu sentasse nas carteiras mais do fundo. Precisava forçar demais as vistas e chegava ao fim do dia até com dor de cabeça”, relata.
Ela conta que, no seu dia a dia, só conseguia ver o letreiro do ônibus quando estava mais próximo, não reconhecia as pessoas de longe, entre outras situações. “Tudo ficava embaçado. Fiz o exame e o resultado deu que possuía 2 graus de miopia em cada olho. Fiquei um pouco assustada, pois não sabia que era tanto assim. Peguei a receita para confecção dos óculos e o especialista ainda me recomendou a pedir as lentes com proteção de luz azul, visto que fico muito tempo no computador e celular”.
Tratamento
Siqueira esclarece que o problema em si não é corrigido, mas os seus sintomas sim e o indivíduo passa a ter uma visão melhor. “Lentes de contato ou óculos de grau são as alternativas mais usadas. Muitos acreditam ainda que a cirurgia refrativa é uma boa escolha por ser definitiva. No entanto, dependendo do caso, a miopia pode retornar e não é indicada para todos. Apesar da tecnologia avançada, o procedimento apresenta riscos e é necessário realizar uma série de exames”.
Conforme recomenda o médico, caso o cidadão apresente dificuldades de enxergar objetos distantes, está na hora de agendar uma consulta com o oftalmologista. “São feitos testes de refração para determinar o grau correto do erro refrativo, exames da retina, mácula, disco ótico, entre outros. Depois de diagnosticada a miopia, a periodicidade para retorno ao especialista deve ser de pelo menos uma vez por ano”.
Ainda segundo ele, existem diferentes graus de miopia. “É medida em dioptrias. Quanto mais, maior será a dificuldade em ver de longe. Normalmente, classificada nos seguintes graus: miopia ligeira (até 3 dioptrias), moderada (de 3 a 6 dioptrias) e alta (mais de 6 dioptrias). Essa última implica uma drástica redução da qualidade de vida do indivíduo”, finaliza.