A contagem regressiva para o fim de 2020 já começou e, seguindo a tradição cristã, muitas famílias devem encerrar este ano caótico ao redor de uma mesa farta na noite de Natal. Porém, vai ser preciso desembolsar mais do que na celebração do ano passado já que, segundo pesquisa do site Mercado Mineiro, os preços dos produtos típicos para preparação dos pratos da ceia subiram até 70% em relação ao ano passado e podem ser encontrados com variação de até 129% nos estabelecimentos da capital.
É bom ressaltar que a pandemia do novo coronavírus não acabou, os números de casos de COVID-19 continuam subindo, assim como as vítimas fatais, e a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que não haja grandes aglomerações neste fim de ano atípico. Todavia, para aqueles que forem reunir os familiares mais próximos, a dica é pesquisar muito, levando em consideração a qualidade de cada produto, já que as variações chamam a atenção.
Segundo o levantamento, o quilo de bacalhau do Porto, por exemplo, pode ser encontrado de R$ 69,90 até R$ 149,80, uma diferença de 114%. Já o pernil com osso pode custar de R$ 19,80 até R$ 32,90, uma oscilação de 66%. Frutas cristalizadas obtiveram variação de 61%, custando de R$ 9,90 até R$ 38,50. Em questão de recorde de diferença nos preços, a pêra levou o pódio este ano com a marca de 129%, sendo vendida de R$ 8,28 até R$ 18,99.
Já em relação aos valores médios do ano passado, praticamente todos os produtos estão mais caros. Considerado o protagonista das reuniões de muitas famílias, o quilo do peru teve aumento de 12,83%, passando de R$ 19,48 para R$ 21,98. O pernil com osso subiu de R$ 15,49 para R$ 26,35, uma alta de 70%. As uvas Itália, que costumam enfeitar diversos pratos, também encareceram 68%, passando de R$ 10,95 para R$ 18,45.
Para Feliciano Abreu, coordenador do site e responsável pela pesquisa, os tempos são de cautela. “Nós sabíamos que o aumento do dólar ia influenciar diretamente nos preços e este é um dos fatores mais determinantes para os altos valores. Principalmente, quando olhamos as carnes: todas tiveram aumento significativo. Fica complicado para o consumidor porque o custo da ceia está muito maior esse ano devido às exportações. O que resta para o cliente é realizar uma comemoração dentro das suas possibilidades financeiras Além disso, pesquisar bastante porque todos os preços médios subiram”, ressalta. Uma dica de Abreu é esperar para realizar as compras mais próximo da data. “Compre o necessário, fique de olho nas ofertas, não adquira pela emoção e espere um pouco mais porque esse é um momento de formação de preços dos estabelecimentos, depois a concorrência é acirrada e isso favorece o consumidor”, diz.
Ceia adaptada
A expressão “jeitinho brasileiro”, muitas vezes, usada de forma pejorativa para descrever um povo que improvisa soluções criativas para as mais diversas situações, pode ser bem-vinda na hora de adaptar a ceia deste ano ao bolso.
Para essa missão, o chef e professor de gastronomia Renato Lobato aposta nos pratos coadjuvantes, mas não menos saborosos. “Quando falamos em ceia de Natal, normalmente vem à mente fartura, muita comida, e alguns pratos tradicionais, como pernil, peru, aves festivas, leitoa pururucada. Mas, por conta desta pandemia, nada melhor do que preparar uma receita de custo mais baixo.Uma dica para adaptar a ceia é dar preferência aos acompanhamentos: farofas úmidas com abobrinha, farinha de milho com hortelã e maracujá são algumas sugestões para acompanhar”.
Já em relação aos pratos principais também é válido sair do óbvio. “Opte pelo frango ao invés do peru ou aves festivas. Se quiser a carne de porco, escolha o filé mignon suíno ou até a copa lombo. Ou ainda, o pernil sem osso que pode ser comprado em pedaços menores. Se o desejo é destacar na ceia, sugiro a costelinha com goiabada. Sobre as frutas, minha sugestão é focar nas sazonais, como o pêssego nacional, figo, uvas e mangas. Use e abuse da criatividade para decorar seus pratos com elas”, diz.