O e-commerce também foi prejudicado pela crise econômica que tem assombrado o país nos últimos anos. Entretanto, após as mudanças no governo, o setor começou a sentir um leve impulso. De acordo com o relatório Webshoppers do e-Bit 2016, os dois últimos meses do primeiro semestre apresentaram recuperação de vendas em 5,2% e um faturamento de R$ 19,6 bilhões.
Os dados da pesquisa reforçam o impacto que o aumento do desemprego causou na economia, principalmente no poder de compra da classe C. O período analisado apresentou uma queda de 2% no volume de pedidos se comparado a 2015. Porém, o valor médio gasto pelo consumidor foi de R$ 403,46, 7% a mais que o ano anterior. O estudo aponta ainda que a migração dos consumidores do varejo tradicional para o ambiente virtual fortaleceu o e-commerce, pois cerca de 23,1 milhões de pessoas realizaram pelo menos uma compra virtual no primeiro semestre.
Perfil do consumidor
Segundo o relatório, a participação feminina também continuou maior neste primeiro semestre, foram 51,87% de mulheres. Em relação a renda familiar, 34% informaram receber valores inferiores a R$ 3 mil. Outras peculiaridades do perfil do consumidor é a idade, 60% dos consumidores têm entre 25 e 40 anos.
Em destaque, a região Sudeste ocupa o primeiro lugar na lista na participação das vendas on-line. A sondagem realizada pela Fecomércio MG sobre o mercado digital com os consumidores mostra que 43,1% dos belo-horizontinos já fizeram compras on-line e 42,1% das pessoas deixaram de comprar algum artigo em lojas tradicionais para adquiri-lo em lojas virtuais.
Devido à comodidade e aos melhores preços, o analista de sistemas, Hilton Paulo Saleme, 25, sempre compra pela internet. Ele conta que se tornou um consumidor virtual aos 13 anos e desde então não parou. “Gasto em média R$ 100,00 por mês e os itens que mais compro são roupas”, diz. Hilton explica que a preferência por esse canal de vendas é porque consegue acompanhar os preços por meio de aplicativos de comparação, assim, segundo ele, é mais fácil fechar bons negócios.
A enfermeira Sueli de Oliveira, 40, utiliza o comércio eletrônico desde 2005. Ela disse que compra um pouco de tudo na rede, desde livros até móveis. “Sapatos, roupas, eletrônicos e eletrodomésticos são artigos que sempre procuro. Dependendo do valor da compra, quando é maior de R$ 500,00, eu divido”, conta. Além da praticidade, ela enumera vários pontos positivos. “Não preciso sair de casa, o preço na maior parte do tempo é menor, não sofro com persuasão de vendedor e ainda posso pegar as especificações técnicas dos produtos”, salienta.
Na contramão da tendência, o estudante e cobrador Igor Vinicius Ferreira da Silva, 21, prefere fazer as suas aquisições pessoalmente. Ele explica que teme pela segurança dos dados e por ser lesado durante a compra. “Mesmo pertencendo à geração virtual, não gosto de comprar pela internet. Comprei apenas 3 vezes e com indicação de pessoas que já tinham utilizado o site”, destaca.
Fora da rede
O tradicionalismo mineiro reflete na atuação do comércio no Estado. Entre os empresários entrevistados pela Fecomércio MG, 59,7% apontam que não têm interesse em trabalhar com vendas pela internet. O economista da federação, Guilherme Almeida, ressalta que a questão cultural interfere na hora do empresário dar um passo em direção à tecnologia. “O mercado estabelecido na capital e no Estado é formado, em sua grande parte, por pequenas e microempresas. Em alguns casos não há capacidade técnica para expandir a atuação no varejo online e, em outros é devido à cautela e tradição”, ressalta.
Os que já oferecem seus produtos online somam apenas 23,1% dos entrevistados. A pesquisa sinaliza que os motivos para o baixo índice são a falta de planejamento e conhecimento (25,4%), ausência de mão de obra especializada (19%) e, entre as dificuldades para colocar os seus produtos online, a logística aparece com principal fator negativo.
O economista alerta que o mercado online é uma tendência mundial e que os consumidores estão cada vez mais utilizando essas plataformas. Entretanto, ainda há espaço para os dois mercados em Belo Horizonte. “A pesquisa com o consumidor mostra que 57% dos analisados ainda não compraram pela internet, fato explicado pelo comportamento cultural mineiro”, acredita.
Almeida acrescenta que o ponto-chave nesse momento é fazer uma atuação conjunta, utilizando os dois meios de vendas, pois as grandes lojas já fazem esse trabalho. “Hoje podemos dizer que não existe uma fidelização em uma só modalidade, pois os consumidores utilizam ferramentas de busca por melhores preços e pesquisam mais, tanto na loja física quanto na internet. Isso permite atrelar qualidade e preço”, conclui.
Black Friday em números
A tão esperada temporada de preços baixos tem data marcada, dia 25 de novembro. O evento tem ganhado mais adeptos desde 2010, quando o faturamento virtual saltou de R$ 3 milhões para R$ 1,5 bilhão em 2015, segundo dados da ClearSale.
A capital mineira ficou em terceiro lugar no índice de vendas, atingindo a margem dos R$ 34.824.138,00 milhões no ano passado. A expectativa desde ano é de que o volume de pedidos alcance 106,5 milhões, número próximo ao apresentado em 2015. O tíquete médio desta temporada deve alcançar R$ 418,00, valor acima ao gasto pelo consumidor virtual no ano passado.