A simplicidade e a transparência fazem parte de um cotidiano que por vezes pautam a vida do governador Romeu Zema (Novo). Talvez por conta desta realidade, ele é bem avaliado pelos mineiros, mesmo diante das circunstâncias adversas em função da crise sanitária.
São exatamente os malefícios da COVID-19 que estão dilacerando a conjuntura fiscal e econômica de Minas Gerais, por conta do fechamento do comércio e das indústrias, cuja realidade está colocando a arrecadação de impostos em patamares comprometedores, e isto só vem ampliar o quadro de dificuldades do tesouro estadual na hora de pagar a contas, especialmente em relação à quitação da folha dos funcionários. O governo faz um enorme malabarismo para cumprir os compromissos prioritários. A situação é de tal ordem que o chefe do Executivo avisou ao Judiciário e ao Legislativo: fica em apuros na hora de repassar a quota obrigatória, com os respectivos valores, para que esses outros poderes possam funcionar regularmente.
Diante deste quadro, os meios políticos fazem uma série de questionamentos como por exemplo, se o eleitor ao fazer a opção pelo governador Zema, um empresário de sucesso e sem experiência política, nutria esse estilo de administração à época? Tem mais, mesmo ocupando pela primeira vez um cargo tão significativo, o titular ainda conta com um secretariado eminentemente técnico. Afinal, é fácil administrar uma estrutura poderosa como tal apenas com auxiliares sem prestígio e/ou experiência política?
Opinião de vários jornalistas
Sem meias palavras, o jornalista Eduardo de Ávila, diretor da Associação Mineira de Cronistas Esportivos (Amce), emitiu a seguinte avaliação em relação ao secretariado de Romeu Zema: “já pude manifestar diretamente ao governador sobre este assunto. Entendo que o perfil mesclado em sua equipe, técnico e político, seria condutor a realizar o seu grande projeto. Refiro a atingir o equilíbrio das contas do estado, que foram dilaceradas, sobretudo a partir de 2002. E mais, ao meu pensar, o Partido Novo é o seu maior entrave. Prejudica mais que o maior e ferrenho adversário”.
“Hoje, o governo estadual não tem nenhum secretário com cargo público, seja estadual ou federal. É uma nova experiência pela qual está passando o Executivo mineiro que nunca antes tinha acontecido. É uma opção do governador Zema, mas a situação tem de ser bem analisada, pois carece de ter sustentação política para o andamento coeso com os deputados estaduais, federais, juntamente com os demais poderes: Legislativo e Judiciário, além dos prefeitos, é claro”, observa o jornalista Sérgio Moreira, da crônica política e também ligada aos meandros do turismo mineiro.
Eis comentário do jornalista Acir Antão que, além de ser repórter e apresentador da Rádio Itatiaia, é atualmente presidente do Centro de Cronistas Políticos e Parlamentares de Minas Gerais (Ceppo). “Um nome de peso político no secretariado do governador do estado, claro que ajudaria nas negociações, especialmente junto ao governo federal. Afinal, temos uma administração estadual cujos titulares das pastas são técnicos. Ao que parece, todos os entendimentos para buscar uma solução minimizadora para a crise financeira do governo do estado fica a cargo direto do próprio Romeu Zema. Na minha avaliação, seria importante alguém para ajudá-lo nesta tarefa. Aliás, do ponto de vista político, o presidente da Assembleia, Agostinho Patrus, pelo que vejo, está colaborando muito mais com o governador do que os 3 senadores mineiros: Antonio Anastasia, Rodrigo Pacheco e Carlos Viana”.
O jornalista Orion Teixeira, da crônica política mineira, tem a seguinte opinião a respeito da gestão Zema. “O governador tem dedicado muito espaço de sua agenda diária para atender os seus seguidores em redes sociais. Isso lhe toma tempo, embora seja efetivamente uma estratégia atualizada de comunicação. Uma coisa precisa ficar clara: o eleitor votou em Romeu Zema para ser governador. Daí, ele, em função de problemas financeiros atuais do governo, imaginar que vai ter condições de influenciar também no Legislativo e no Judiciário seria uma situação inusitada, até porque, os juízes e desembargadores, assim como os deputados estaduais, não aceitarão serem comandados para quem foi eleito para um dos poderes, ou seja, só para o Executivo. Claro, havendo necessidade, como agora diante da crise, o diálogo é importante, mas sem injunções”.
“Claro que os tempos são outros, mas quando se tornou governador, por dois períodos, Hélio Garcia montou o seu governo com um critério interessante. Para cada secretaria, cujo titular era um político, ele fez a nomeação de um técnico para o posto de secretário adjunto. Assim, cada um tocava a música à sua maneira, cabendo a ele, Garcia, ser o ‘Maestro’ do grupo. Foi um governo que funcionou, elevando o nome dele como um dos expoentes da política mineira”. Este é o comentário do jornalista João Carlos Amaral, que por anos a fio foi repórter político da TV Globo. O blogueiro também é filiado ao Ceppo.
“Na onda do Estado mínimo, preconizado pelo neoliberalismo, a falácia de perfil técnico-administrativo dos gestores passou a ser o canto da sereia para solução de todos os problemas. A história nos mostra, porém, que a arte de governar é essencialmente política com P maiúsculo. Afinal, o Estado não é empresa”. A autoria desta opinião é do jornalista Américo Antunes, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais.