
Em janeiro, foram embarcados 11,46 milhões de pares de calçados ao exterior, o que gerou uma receita de US$ 88,3 milhões, conforme revela a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Os números são maiores em volume (+11,4%) e menores em receita (-2,7%) em relação ao primeiro mês do ano passado. O valor médio do produto embarcado foi de US$ 7,71, 12,6% menor do que no mesmo mês de 2024 (US$ 8,82).
Segundo a entidade, o dado aponta para uma pequena recuperação sobre uma base fraca do ano passado, explicada pelo crescimento do chinelo na pauta exportadora e pela desvalorização do real perante o dólar, o que permite preços mais competitivos para a exportação.
O quadro no cenário internacional permanece igual ao registrado no final do ano passado, destaca o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira. “Com muitas incertezas econômicas, agora somadas à possibilidade de uma guerra comercial travada entre os Estados Unidos e a China. O cenário, ao longo de 2025, é uma incógnita. Apesar do crescimento em volume, em janeiro, os níveis de exportação se mantiveram abaixo da média anual dos últimos cinco anos (12,23 milhões de pares), o que aponta para a manutenção do quadro de uma demanda internacional desaquecida”.
Para o economista e docente do UniBH, Fernando Sette Jr, a relação de ter maiores números em vendas e menores de receita, pode estar atrelada com um crescimento da demanda internacional. “Porém, esse aumento não é por produtos de mais qualidade, com valor agregado maior ou com algum tipo de estampagem de marca ou com um produto de produção melhor, mas sim, com produtos inferiores, o que faz com que o preço do calçado seja menor”.
“Já em relação ao aumento do volume exportado com a baixa receita, está mais atrelado com o fato de que o Real está muito desvalorizado, portanto, isso fica atrativo para o mercado internacional, aumentando essa demanda, mas o faturamento acaba diminuindo de alguma forma. Por outro lado, existe uma concorrência internacional de forma geral, principalmente em países asiáticos, que faz com que tenhamos também uma oferta maior, fazendo com que tenha uma grande concorrência, abaixando o preço. Teremos um valor mais baixo, contudo com uma quantidade demandada maior, o que faz o faturamento cair”, explica.
Fernando Sette revela que para 2025 há uma tendência de estabilização do segmento. “Com uma possível variação positiva/ negativa muito pequena, mas com o mercado interno continuando sendo o principal motor desse setor. É uma menor dependência do mercado externo”.
Importações
Assim como em 2024, quando as importações cresceram mais de 26% em volume, a entrada de calçados estrangeiros no Brasil seguiu em alta em janeiro. No primeiro mês do ano, foram importados 3,32 milhões de pares por US$ 47,96 milhões, incrementos tanto em volume (+18,1%) quanto em receita (+29%) em relação ao mesmo período de 2024.
As principais origens seguiram sendo os países asiáticos, que responderam por 90% dos calçados que entraram no Brasil. A principal origem foi o Vietnã, de onde foram importados 1,24 milhão de pares por US$ 22,47 milhões, incrementos de 55% e 31%, respectivamente, ante o primeiro mês de 2024. Na sequência, apareceram a Indonésia (742,5 mil pares e US$ 12 milhões, incrementos de 113,5% e 111,6%, respectivamente, ante o ano passado) e China (719,8 mil pares e US$ 5 milhões, queda de 34,7% em volume e incremento de 16,6% em receita).
Nova Serrana
Conforme o Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), o ano de 2024 foi positivo para as vendas do polo calçadista do município do Centro-Oeste mineiro. A estimativa é que o Arranjo Produtivo Local (APL) encerre o exercício com crescimento de 3%. Já para 2025, as expectativas são mais otimistas e o desempenho deve ser ainda melhor, com incremento de 5% nas comercializações.
O economista afirma que a situação do setor no Estado é positiva. “Há esperança de um crescimento maior e muito pautado para o próprio mercado interno. É um segmento que movimenta a economia mineira, e o setor atacadista de Nova Serrana. O município e a região têm a possibilidade de crescimento, ou seja, há uma previsão de expansão, com a capacidade de atender outros mercados e aumentar essa oferta”, finaliza.