Belo Horizonte possui belíssimo casario em estilo eclético, surgido nas décadas que se seguiram à sua fundação em 1897. Um deles é o inconfundível prédio do Automóvel Clube de MG. De irresistível charme e beleza incomum, o Clube, frequentado por personalidades influentes e elegantes, foi fundado por amigos, conhecidos como o “Grupo dos Nove”, em 17 de dezembro de 1925, com o nome de “Clube Central”, como os tradicionais clubes de cavalheiros da Europa.
A primeira sede foi instalada em 14 de junho de 1926 no Palacete Dantas, na Praça da Liberdade. Em 1927 mudou o nome para Automóvel Clube de Minas Gerais (ACMG). Projetado pelo renomado arquiteto Luiz Signorelli (1896/1964), mineiro de Cristina e formado em 1925 na Escola Nacional de Belas Artes (RJ), a construção da sede foi iniciada em 1927 e inaugurada em 17 de dezembro de 1929. Possui belíssima arquitetura quadrangular em quatro pavimentos de agradável bom gosto. No terceiro andar, um restaurante de primeira linha, e no Clube encontra-se uma excelente banca de pôquer. Signorelli projetou, entre outros, o prédio do CCBB, na praça da Liberdade, a antiga Alfândega, na praça Rio Branco, o Minas Tênis Clube e o Borges da Costa (Academia Mineira de Letras), na rua da Bahia.
O imponente palácio de arquitetura neoclássica e superelegante em todos os salões e cômodos, edificado em terreno doado pela Prefeitura, fica na Avenida Afonso Pena com a Avenida Álvares Cabral, em frente ao verde que preenche de mais poesia a mente de quem, de suas encantadoras janelas, observa com abstração. O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) tombou o icônico edifício por meio do Decreto Estadual n. 27.927, de 15 de março de 1988; em 1994 o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de BH também o fez.
Uma das visitas mais importantes e ilustres se deu na década de 1930: a dos príncipes britânicos, o Príncipe de Gales (rei Eduardo VIII) e seu irmão, o Duque de York (rei Jorge VI), pai de Isabel II. O principal salão é o Dourado, com belíssimos lustres e espelhos inspirados no palácio de Versalhes; no Salão Príncipe de Gales, em homenagem a Eduardo, funciona o notável espaço de shows. Dom João de Orleans e Bragança, neto da princesa Isabel, lançou ali, em 1998, a bela obra sobre sua vida, História de um príncipe (Record), de J. A. Gueiros. Dom João foi casado em primeiras núpcias com a princesa egípcia, Dona Fátima Chirine Thoussoun. Foi cogitado para imperador do Brasil na crise de 1961, com a saída de Jânio Quadros. Fora da “linha de sucessão”, não aceitou. O chefe da Casa Imperial do Brasil era o primo Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança.
Neste ano em que acontece o centenário do Automóvel Clube, o dinâmico presidente, empresário-industrial Ragheb Hamadé Filho e competente equipe promoveram evento neste fevereiro com a presença de associados, sociedade, autoridades, imprensa e importante homenagem ao governador Romeu Zema, que proferiu palestra sobre a trajetória, desde o avô, do Grupo Zema, que encantou a todos. Falas do presidente Hamadé, do governador, do vice- -presidente, Sérgio Murilo Braga, do presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, e do desembargador Marcos Henrique Caldeira Brant e entregas de placas comemorativas marcaram com chave de ouro o início dos inúmeros festejos.
No sábado, 22, o baile de Carnaval reviverá com brilhantismo a magia dos anos de 1920 e dourados. As festividades serão encerradas com o grandioso baile de Gala em 8 de novembro, e o lançamento em dezembro do livro de memórias do Clube. A meta do presidente e da diretoria é abrir as portas do “Mais Britânico”, como é conhecido, ao turismo nacional e internacional.