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Setor têxtil e de confecção faturou R$ 215 bilhões no ano passado

A produção teve um aumento de 4% / Foto: José Paulo Lacerda-CNI

 

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o setor registrou um faturamento de R$ 215 bilhões em 2024, um aumento se comparado com 2023, que atingiu R$ 203,9 bilhões. Na produção, o segmento têxtil também apresentou crescimento de 4% nos 11 primeiros meses do ano passado, em relação ao mesmo período de 2023, enquanto o vestuário avançou 3,8%.

Em termos de empregos, o setor apresentou resultados positivos. De janeiro a outubro de 2024, foram criados 30,7 mil postos de trabalho, sendo 14,2 mil no segmento têxtil e 16,5 mil na confecção. No período de dezembro de 2023 a novembro de 2024, o saldo positivo do segmento, como um todo, foi de 7,1 mil vagas.

O diretor superintendente da Abit, Fernando Valente Pimentel, pontua que a economia brasileira, o que deve ter crescido em torno de 3,5%; o grande aumento na quantidade de pessoas empregadas; da massa salarial; dos programas sociais e de incentivos fiscais, fizeram com que houvesse uma aceleração e a alta da capacidade de consumo da sociedade brasileira. “É verdade que do lado da confecção, que cresceu em torno de 3,8%, vinha de um tombo de 7,3%, em 2023. Portanto, recuperou metade daquilo que caiu no período. Já o têxtil aumentou 3,9% e vinha de uma expansão de 0,9%, foi um crescimento sobre o crescimento”.

Sobre a geração de empregos, Pimentel destaca que é um número positivo e a perda do ano anterior foi recuperada, cerca de 3 mil postos formais de trabalho. “Teríamos muito mais capacidade de gerar empregos formais, a respeito das dificuldades que nós temos com relação à contratação de pessoas, caso não tivéssemos tido tanta importação. Para 2025, estamos estimando uma contratação no campo positivo, mas menor do que a ocorrida em 2024”.

“Estamos com uma previsão de expansão do setor em torno da metade do indicador de 2024, que foi entre 3,1% e 3,9%, para 1,4%, em média. Por isso, é natural imaginar que a geração de postos formais de trabalho vai acompanhar esse ritmo menor do desenvolvimento da nossa indústria, que vai repetir, da mesma forma, o crescimento menor do Produto Interno Bruto (PIB)”, acrescenta.

 

Exportações

Nas exportações, os produtos têxteis e de confecção totalizaram US$ 908 milhões, enquanto as importações chegaram a US$ 6,6 bilhões, resultando em um saldo negativo de US$ 5,7 bilhões. Em relação ao ano anterior, o volume das importações aumentou 20,8% e o das exportações diminuiu em 3,8%. As compras externas de roupas tiveram expansão de 21,4%, sendo a maior parcela advinda da China.

O economista Gelton Pinto Coelho explica que grande parte da queda das exportações se deve à crise enfrentada pela Argentina. “No mesmo período de 2023, o país vizinho importou US$ 40,9 milhões deste produto, e no ano de 2024 foi apenas US$ 17,2 milhões, ou seja, uma queda de 58%. Ao contrário do Brasil, a Argentina adota um modelo mais radical de combate à inflação. O empobrecimento da população e o encarecimento dos produtos impede maior demanda”.

“Com base no crescimento dos últimos anos e no avanço da renda, é provável a manutenção deste avanço no faturamento. Há possibilidade de pós-implementação da reforma tributária, de um crescimento contínuo e ainda maior do mercado interno. Porém, existem desafios e os maiores deles são as condições de financiamento, a concorrência internacional e a manutenção da política de salários e renda”, acredita o profissional.

 

Expectativas

Para 2025, segundo levantamento feito pela Abit com empresários do setor, as perspectivas são otimistas. Dentre os entrevistados, 45% preveem crescimento moderado do mercado interno, entre 2,1% e 4%, e 8% acreditam em um aumento significativo das exportações. Investimentos também estão no horizonte, com 42% das empresas planejando aportar recursos moderadamente, priorizando maquinário, tecnologia e automação, e 31% focando na expansão da capacidade produtiva.