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54% do varejo mineiro espera ser impactado pelo Dia das Crianças

Considerada a segunda melhor data para o comércio no último semestre do ano, o Dia das Crianças cumprirá o papel de termômetro da volta das atividades em Minas Gerais. Esta é a primeira comemoração com lojas abertas desde que o estado flexibilizou as medidas para funcionamento. No geral, a percepção do empresário é de um cenário pessimista. Apesar de o período gerar um impacto positivo para 54,1% do comércio varejista, 43,8% acreditam que as vendas em 2020 serão piores que as do ano passado contra 32% que creem em aumento do consumo e 24,2% que esperam vendas iguais a 2019. Os dados são da pesquisa “Expectativas do Comércio Varejista – Dia das Crianças 2020”, elaborada pela Fecomércio MG.

Para o economista da Fecomércio, Guilherme Almeida, a principal mudança em relação a anos anteriores é no desempenho das vendas. “Existe certo pessimismo, ditado pela cautela, nas expectativas empresariais. Os empresários do varejo mineiro que esperam vendas melhores em 2020 somam 32%, em 2019 eram 59,8%. Na outra ponta, aqueles que acreditam em vendas piores, totalizaram 43,8% este ano frente a 16,3% em 2019. Essa expectativa deteriorada é fruto do cenário de pandemia e das condições desfavoráveis ao consumo familiar, como o alto desemprego e o achatamento da renda”, diz.

De longe, a pandemia do novo coronavírus (71,9%) é a principal razão para o desânimo do empreendedor. Outros motivos (10,4%), a crise econômica e a falta de produtos (7,3%) também foram citados pelos entrevistados. Do lado otimista, a esperança (28,6%) e o auxílio emergencial disponibilizado pelo governo (18,6%) motivam a expectativa de vendas superiores às de 2019.

De acordo com o estudo, os segmentos que devem se sobressair durante o período são: o comércio de livros, jornais, revistas e papelaria (60,0%); supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (59,0%); tecidos, vestuários e calçados (57,8%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (55,6%) e itens farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (52,3%). O ticket médio esperado pelo comerciante do estado não deve ultrapassar R$ 200 e, para 33,2%, a tendência é que este valor seja parcelado no cartão de crédito.

No que diz respeito aos estoques, a maioria das lojas já recebeu encomendas para a data (57,2%), 19,7% já realizaram os pedidos, mas ainda não estão preparadas para o consumidor e 18,3% não realizaram compras.

Segundo o economista, em ranking de vendas, tradicionalmente, o Dia das Crianças só perde para o Natal e o Dia das Mães. “O comércio conta com as datas comemorativas e seu apelo emotivo e comercial para alavancar as vendas. O desempenho no Dia das Crianças é fundamental para o setor, porém ainda temos outros períodos importantes como a Black Friday e o Natal, que impulsionam o faturamento. Essas duas últimas datas, por sinal, beneficiam-se mais da conjuntura favorável, com injeção de recursos do 13º salário e o aumento de empregos temporários”, complementa.

Contexto do comércio estadual

Dados do governo federal apontam que, de março a agosto, foram fechadas 60.091 empresas em Minas Gerais. Os motivos não são especificados e podem ter ocorrido em decorrência de diversos fatores, não somente como consequência da pandemia.

Ainda assim, na análise de Almeida, a atividade econômica vem mostrando sinais de recuperação em relação ao período de maior isolamento social. “Os dados de vendas, tanto do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) quanto do Índice Cielo de Varejo Ampliado, demonstram crescimento. Os números do emprego formal já sinalizam uma reversão, com o decréscimo nas demissões e expansão nas admissões. Somente em agosto, foram gerados 28.339 postos de trabalho formais em Minas Gerais. Cabe destacar, porém, que os resultados ainda são tímidos frente ao mesmo período do ano passado, mas a sinalização de recuperação já se faz presente”, finaliza.