A primeira edição de 2025 do Boletim Focus, publicada pelo Banco Central (BC), trouxe projeções de mais de cem instituições financeiras e consultorias para os principais indicadores econômicos do Brasil ao longo do ano. Uma das expectativas dos economistas é que o Produto Interno Bruto (PIB) alcance um crescimento de 2% até o encerramento de 2025. Enquanto isso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta uma expansão de 2,5%, e o governo federal estima um aumento de 2,6%.
O economista Fábio Ongaro explica que, para que essas projeções se concretizem, fatores como a manutenção de um ambiente macroeconômico estável, controle da inflação e equilíbrio fiscal serão fundamentais para atrair investimentos e manter a confiança do mercado. “Além disso, a continuidade de reformas estruturais, como a tributária e a administrativa, poderá melhorar a eficiência do setor público e reduzir custos para as empresas. Investimentos em infraestrutura e tecnologia também desempenharão um papel crucial, impulsionando a produtividade e a competitividade do país”.
Já na avaliação do economista Gelton Pinto Coelho Filho, as projeções dos últimos anos frequentemente divergiram dos resultados reais obtidos. “Com a mudança de governo e das políticas econômicas, houve um acréscimo de renda e da massa salarial. Assim, o consumo e o crescimento se sustentaram de forma mais consistente. A manutenção da atual política econômica é essencial para o crescimento e o controle da inflação”.
Atualmente em 12,25%, a projeção do Boletim Focus é que a taxa Selic alcance 15% ao final de 2025. Gelton Pinto Coelho Filho avalia que as decisões do Conselho de Política Monetária (Copom) em manter a taxa de juros elevada são equivocadas. “O BC, de maneira incorreta, acaba elevando a taxa de juros para conter uma inflação que não é controlada com esse tipo de instrumento. O que precisa ser ajustado é a meta de inflação e, a partir disso, a readequação da Selic”.
Fábio Ongaro destaca que a flexibilização da política monetária ao longo do ano dependerá do comportamento da inflação e das expectativas do mercado. “Se a inflação estiver desacelerando e permanecendo dentro da meta estabelecida, o BC poderá reduzir gradualmente a taxa Selic. Fatores como a estabilidade fiscal, a evolução dos preços internacionais de commodities e a dinâmica do câmbio também influenciarão essa decisão. O ritmo de crescimento econômico será considerado, especialmente se sinais de desaceleração exigirem estímulos para a atividade produtiva”.
“Qualquer decisão do Banco Central deve ser cautelosa e dependente de dados concretos sobre a economia, garantindo equilíbrio entre estímulo ao crescimento e estabilidade de preços”, complementa.
Em relação à cotação do dólar, a expectativa é que US$ 1 atinja R$ 6 até o término de 2025. Fábio Ongaro espera que o Brasil busque medidas para uma política fiscal responsável, assegurando equilíbrio nas contas públicas. “Reforçar a autonomia do BC e seguir com políticas monetárias previsíveis também é essencial. Avançar em reformas aumenta a eficiência econômica e atrai investimentos. A segurança jurídica no Brasil é um dos fatores-chave para manter o investidor estrangeiro motivado a investir aqui, garantindo regras estáveis e permanentes”.
Por outro lado, Gelton Pinto Coelho Filho avalia que, na reta final de 2024, houve um ataque especulativo contra o Real, e o BC não tomou as medidas necessárias para conter a alta do dólar. Ele lembra que as movimentações típicas de fim de ano também contribuíram para a valorização da moeda americana. “Outras moedas também sofreram com o crescimento do dólar. Precisamos aguardar a posse de Donald Trump para termos uma análise mais precisa sobre o futuro da economia americana e como os outros países ajustarão suas políticas”.
Equilíbrio fiscal
Os dois economistas destacam que, para 2025, será necessário que o Brasil encontre um equilíbrio entre entradas e saídas de recursos. Fábio Ongaro ressalta que esse exercício é complexo. “Ainda mais quando o Brasil exige expressivos investimentos em infraestrutura para melhorar a competitividade e fomentar o crescimento econômico. Uma gestão eficiente dos recursos, evitando gastos desnecessários e buscando parcerias público-privadas adequadas, é a solução mais saudável para essa necessidade”.
“O equilíbrio fiscal é fundamental, apesar da redução no déficit nos últimos anos. Uma taxa de juros elevada gera um custo adicional para o país, desequilibrando suas contas. Um ajuste fino é essencial para que a economia continue funcionando bem, gerando crescimento e aumento nas receitas. Além de equilibrar as contas, isso cria oportunidades para novos investimentos”, finaliza Gelton Pinto Coelho Filho.