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Estado teve 1,8 milhão de casos prováveis de arboviroses em 2024

Calor e chuva aumentam os riscos das doenças / Foto: Pixabay

As características do verão brasileiro, com altas temperaturas, associadas à grande incidência de chuvas, criam um ambiente ideal para o surgimento das arboviroses, um grupo de doenças virais transmitidas principalmente por mosquitos. Entre elas, destacam-se a dengue, a zika e a chikungunya. De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Minas Gerais registrou, em 2024, 1.861.150 casos prováveis de arboviroses. Sendo 1.695.098 de dengue, 165.859 da febre chikungunya e 193 registros do vírus zika. Os óbitos confirmados por dengue somaram 1.124.

O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Adelino de Melo Freire Júnior, ressalta que os dados de 2024 são alarmantes. “O número de casos de arboviroses foi muito superior ao nosso recorde histórico. São índices, que há uma década, não podíamos sequer imaginar e agora estão com tendência de crescimento. Esses dados mostram como as nossas medidas não têm sido suficientes para conter o avanço das arboviroses no ambiente urbano”.

“No momento em que acontece o pico da incidência desses casos, o resultado é uma crise no sistema de saúde. Há uma sobrecarga enorme na rede, tanto privada quanto pública, com pessoas esperando para serem atendidas, com quadros potencialmente graves, que não conseguem suporte adequado e, com isso, tem complicações. Não é à toa que tivemos também o recorde do número de óbitos em 2024”, esclarece o presidente.

Pico de registros

O infectologista Frederico Figueiredo Amâncio explica que o pico de registros das arboviroses é comum nesta época, que vai de dezembro a março. “Em períodos de chuvas e calor, há maior proliferação do vetor e, consequentemente, dessas doenças. No caso da dengue, por exemplo, já há alguns estudos em andamento que mostram que as mudanças climáticas, acúmulo de água parada e dificuldade de controle do vetor são condições que aumentam o risco de epidemias”.

Geralmente, existem grupos com maior propensão a formas graves da enfermidade. “Além das gestantes, pessoas com mais de 65 anos, crianças e pacientes com comorbidades como hipertensão, diabetes, doença renal crônica e com anemia falciforme são grupos de risco. Embora demandem acompanhamento médico, não existe tratamento específico para as arboviroses, a hidratação é o ponto chave para evitar complicações graves”, afirma Amâncio.

Freire destaca que a dengue pode trazer complicações neurológicas. “Algumas sequelas não são tão comuns, mas acontecem. Para a zika, o alerta é para as gestantes, pois sabemos do impacto severo nos bebês, com a malformação da criança, a microcefalia. E a chikungunya talvez seja a que tem maior potencial de trazer doença crônica. Enfermidades articulares persistentes que podem levar à dor, à perda da qualidade de vida de forma permanente, necessitando de suporte de saúde, assistência com fisioterapia, médicos e uso de medicação”.

Vacina contra dengue

O infectologista pontua que existem duas vacinas disponíveis no Brasil. “Mas nem todos podem receber a dose, pois são imunizantes de vírus vivo atenuado. Desta forma, estão contraindicadas para gestantes e lactantes, como também para pessoas com imunossupressão. É importante destacar que existem faixas etárias específicas para uso e outras particularidades. Uma das vacinas, por exemplo, pode ser administrada apenas para pacientes que já tiveram dengue comprovada anteriormente”.

“A vacinação é uma ferramenta muito importante para reduzir o número de casos e internações por dengue. Desde o início da campanha, o Ministério da Saúde estipulou que o público-alvo no Brasil, para receber a imunização gratuita, será crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. O esquema vacinal é composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas. A pasta divulgou recentemente que adquiriu 9 milhões de doses para 2025, mas ainda não disponibilizou o cronograma”, acrescentou.

Entretanto, ele observa que as medidas de combate ao vetor devem ser mantidas. “Principalmente porque a vacina contra a dengue não chega a 100% de cobertura e não tem proteção contra outras arboviroses. O controle requer esforços coordenados, incluindo medidas de prevenção, como a eliminação de criadouros de mosquitos e a implementação de estratégias de controle vetorial”, conclui.