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Paulo Sérgio fala sobre desafios e a continuidade na gestão de Uberlândia

Paulo Sérgio e a primeira-dama, Cárita Ferreira, sendo diplomado – Foto: Divulgação

Com 52,16% dos votos, o atual vice-prefeito de Uberlândia, Paulo Sérgio (PP), assume o comando da segunda maior cidade de Minas Gerais em janeiro. Apoiado por nomes influentes, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador Romeu Zema (Novo), ele herda um legado de quatro mandatos de Odelmo Leão (PP), com quem dividiu a administração municipal nos últimos oito anos. Em entrevista ao Edição do Brasil, o prefeito eleito fala sobre as prioridades para os próximos quatro anos, os desafios na infraestrutura e a relação que pretende construir com os governos estadual e federal.

Uma eleição não é um processo fácil. senhor enfrentou uma disputa acirrada contra o PT e o PSDB. Como avalia o resultado?
Foi uma disputa muito intensa, como sempre é em eleições. Não é a minha primeira experiência eleitoral, mas foi um trabalho muito desafiador. Felizmente, com o passar do tempo, conseguimos mostrar à população que a continuidade do trabalho iniciado em Uberlândia era o melhor caminho para avançarmos ainda mais. Essa compreensão foi fundamental para alcançarmos a vitória no primeiro turno.

A continuidade foi um ponto central na sua campanha. Como essa experiência acumulada influenciará sua gestão?
Sem dúvida, a continuidade é um pilar importante. Trabalhei diretamente com o prefeito Odelmo Leão em quatro mandatos, desde o primeiro dia do primeiro governo. Passei por diferentes áreas da administração, como Trânsito e Transportes, Desenvolvimento Econômico e o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE). Esse último, inclusive, é um orgulho para a cidade, por termos o melhor saneamento de Minas Gerais. Como vice-prefeito nos últimos dois mandatos, participei ativamente da elaboração dos projetos que daremos continuidade. Nenhuma obra será paralisada. Continuar não significa estagnação; vamos também buscar avanços e novos projetos.

Há sempre a expectativa de que um novo gestor traga algo inédito. Qual será a marca do governo Paulo Sérgio?
Queremos consolidar Uberlândia como uma cidade que alia crescimento econômico à qualidade de vida. Estamos entre as quatro melhores cidades do Brasil para se viver, segundo ranking recente, e temos um crescimento populacional significativo: 150 mil novos habitantes em 14 anos. Mas não basta crescer, é preciso qualificar. Vamos investir na formação profissional, especialmente dos jovens, com foco na nova economia. Pretendemos ampliar os cursos de robótica, programação e tecnologia nas escolas municipais, além de criar oportunidades profissionalizantes. Queremos atrair empresas tecnologicamente avançadas e criar um banco de talentos altamente qualificado para atender às demandas locais e globais.

Uberlândia é a segunda maior cidade de Minas Gerais. Como esse crescimento populacional e econômico se reflete na vida da população?
A diversificação da nossa economia é um ponto de destaque. Temos um agronegócio robusto, um polo de startups e tecnologia muito ativo, um setor de logística consolidado e uma infraestrutura educacional de alto nível. Nossa Universidade Federal, com 30 mil estudantes, e as faculdades particulares somam mais de 20 instituições. A saúde é outro diferencial: o Hospital Municipal é o melhor do estado. Realizamos transplantes de órgãos e cirurgias complexas que antes exigiam viagens para capitais como Belo Horizonte ou São Paulo. Investimos 35% do nosso orçamento em saúde. Esses pilares são a base para garantir qualidade de vida.

Mesmo com esses avanços, há desafios estruturais. Como está a questão do transporte público na cidade?
O transporte público é um desafio no Brasil inteiro, mas Uberlândia está à frente em muitos aspectos. Nosso sistema tronco-alimentador, implantado na década de 1990, é modelo. Temos corredores exclusivos e um Terminal Central que permite o pagamento de apenas uma tarifa para acessar toda a cidade. Ainda assim, precisamos avançar. Uma das minhas propostas é a tarifa zero para estudantes de todas as redes de ensino, pública ou privada. Vamos enviar o projeto para a Câmara Municipal já em janeiro e remanejar recursos da Secretaria de Trânsito e Transportes para viabilizar essa iniciativa.

A ligação com elo Horizonte é outro ponto frequentemente criticado. Como mudar esse cenário?
É lamentável que uma cidade como Uberlândia, com grande peso econômico e populacional, ainda enfrente dificuldades tão grandes na integração com a capital. A rodovia entre as cidades é perigosa e mal conservada. A duplicação é urgente, não apenas por questões logísticas, mas também pela segurança dos motoristas. Além disso, nosso aeroporto, o segundo mais movimentado de Minas, com cerca de 1,2 milhão de passageiros por ano, será ampliado após a privatização, com melhorias nos terminais de carga e passageiros. Esses avanços são essenciais para integrar Uberlândia com o restante do estado e do país.

A relação com o governo federal é um ponto delicado. Como será o diálogo com o presidente Lula?
Meu compromisso é com Uberlândia. Independentemente de questões partidárias, vou buscar recursos no governo federal para educação, saúde e infraestrutura. A cidade merece esses investimentos e é um dever do governo federal atender nossas demandas. Contaremos também com os deputados federais para ajudar na captação de emendas parlamentares, sem distinção partidária. A eleição acabou. Agora é hora de trabalhar.

Uberlândia também enfrenta problemas com chuvas intensas e alagamentos. Alguma solução em andamento?
Sim, esse é um problema que afeta regiões como a Avenida Rondon Pacheco. A impermeabilização do solo agrava o volume de água nas chuvas fortes. Já concluímos uma represa no Camaru, que está ajudando a conter as águas, e temos três outras projetadas. Essas obras estruturantes demandam altos investimentos – cerca de R$ 100 milhões – e precisamos do apoio do governo federal para concluí-las nos próximos quatro anos. Com essas represas, poderemos minimizar significativamente os impactos das chuvas.

Para finalizar, o PL abriu mão de candidatura própria em sua chapa. Como foi essa articulação?
Foi uma construção política que contou com o apoio do ex-presidente Bolsonaro e do prefeito Odelmo Leão. O deputado estadual Cristiano Caporezzo abriu mão da candidatura para indicar o vice-prefeito na nossa chapa, consolidando uma aliança importante. Essa coalizão com o PL, o partido Novo e outros aliados, como o União Brasil, o Podemos e o DC, fortaleceu nossa campanha e nos ajudou a vencer no primeiro turno. Agora, o foco é trabalhar para corresponder à confiança depositada pelos eleitores.