Produzido há mais de 300 anos em Minas Gerais a partir do leite cru, o Queijo Minas Artesanal (QMA) é considerado patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Agora, tornou-se o primeiro alimento brasileiro a ser declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Ao todo, 106 municípios produzem a iguaria, divididos em 10 regiões: Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça, Serra do Salitre, Serro, Triângulo Mineiro e Serras da Ibitipoca.
O Edição do Brasil e jornalistas de várias partes do país foram convidados pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) para conhecer as 10 regiões produtoras do Queijo Minas Artesanal. Visitamos o Triângulo Mineiro, que, desde 2014, é reconhecido como região produtora do QMA pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).
A primeira parada foi na Fazenda Terra Aprazível, localizada em Uberlândia. O local produz o queijo Ouro das Gerais desde 2018 e é comandado pela médica veterinária Walkiria Naves. Ela acredita que o reconhecimento da Unesco aumentará a autoestima dos produtores e também será uma oportunidade para atrair novos visitantes às fazendas.
“Tenho certeza que vai alavancar as vendas de queijo, a valorização do Queijo Minas Artesanal e o turismo aqui na nossa região. O Triângulo Mineiro também faz um queijo de excelente qualidade, um patrimônio nosso que agora é da humanidade”. O local recebe visitas, que podem ser agendadas no Instagram da propriedade (@terraaprazivel) ou da queijaria (@queijariaourodasgerais).
Estivemos também a Fazenda Rio das Pedras, sede da Queijaria Gomes, também em Uberlândia. No local, as visitas acontecem nos finais de semana e feriados, com um café da manhã tipicamente mineiro servido aos visitantes. A proprietária, Inêz Gomes, conta que ficou orgulhosa com a notícia de que o modo de fazer o QMA agora é Patrimônio Cultural da Humanidade. Ela espera que mais pessoas visitem a fazenda. “Saber que nosso produto está sendo reconhecido não só por quem vem e experimenta, mas também por quem leva para a família ou para um amigo como presente, abre as porteiras para o turismo e mostra como os produtos são feitos aqui na fazenda”. As visitas podem ser marcadas pelo Instagram (@queijariagomes) ou pelo WhatsApp (34) 99866-8575.
Turismo rural
A guia de turismo Jaínne Mendonça destaca que a região já possui uma alta demanda de turistas interessados em conhecer as fazendas e outras atrações locais. “É uma experiência em que o participante consegue sair da zona urbana, curtir a calmaria da zona rural e aprender um pouco sobre o queijo, além de degustá- -lo. Com esse reconhecimento, a expectativa é que a procura cresça ainda mais e que outros produtores da região também se certifiquem, agregando mais valor ao seu produto”.
Desde 2021, as fazendas Terra Aprazível, Rio das Pedras e outras duas propriedades localizadas em Araguari e Tupaciguara fazem parte da Rota do Queijo Artesanal no Triângulo Mineiro, uma iniciativa da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), das famílias produtoras e da Associação de Produtores de Queijo Minas Artesanal do Triângulo (Aqmatri).
A extensionista da Emater, Patrícia Freitas, explica que o trabalho da empresa com os produtores vai desde o auxílio na obtenção de um produto de qualidade até a abertura de novas oportunidades de mercado. “A Emater contribui também para abrir portas às famílias rurais, tanto no turismo rural, para que as pessoas possam visitar as propriedades e conhecer como o queijo é feito, quanto na comercialização dos produtos. Com a iniciativa ‘É do Campo’, criamos mais oportunidades de mercado para essas famílias”.
Patrimônio da Humanidade
No dia 4 de dezembro, a Unesco reconheceu os modos de fazer o Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Em pronunciamento poucas horas após o anúncio, o governador Romeu Zema (Novo) comemorou a certificação e destacou que a decisão deve atrair mais turistas a Minas Gerais. “Isso vai valorizar esse produto. Lembrando que essa atividade é extremamente pulverizada no interior do Estado. São milhares de famílias que produzem queijo. Teremos uma grande oportunidade de mostrar ao mundo esse produto que, como nenhum outro, caracteriza a mineiridade”.