A Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM), também conhecida como andropausa (menopausa masculina), é uma fase de transição que ocorre nos homens caracterizada pela queda gradual nos níveis de testosterona, o principal hormônio masculino. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 57% dessas pessoas desconhecem a existência da andropausa e os seus sintomas.
A endocrinologista da Unimed-BH e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia de Minas Gerais, Flávia Coimbra Pontes Maia, afirma que a questão de os brasileiros desconhecerem a deficiência está muito relacionada a tabus. “Os homens, na verdade, têm medo de conversar sobre esses assuntos, disfunção erétil e diminuição do desejo sexual, e isso acaba virando um tabu”.
Ela esclarece que a andropausa não acontece como na mulher, de uma forma abrupta. “No sexo feminino, consideramos a data da última menstruação. Já no homem sucede de uma forma progressiva e lenta. É uma situação normal no envelhecimento, onde ocorre essa redução da produção, tanto dos hormônios masculinos quanto dos espermatozoides”.
“Existem alguns fatores que podem acelerar ou precipitar essa condição, por exemplo, a obesidade, o sobrepeso, que aumentam o uso de antidepressivos, drogas lícitas e ilícitas, e de esteroides anabolizantes androgênicos. Enfermidades crônicas, como a doença cardíaca grave, e o uso de opioides, também são situações que podem precipitar ou fazer com que a andropausa ocorra de uma maneira mais precoce ou até abrupta”, acrescenta.
Sintomas
Flávia ressalta que os sintomas são na maioria inespecíficos, que são indícios comuns em outras doenças. “Os sinais vão depender da idade que começou, da gravidade da deficiência de testosterona, da presença de outras enfermidades associadas e se ela foi mais progressiva ou mais abrupta. As principais são: a redução do desejo sexual; das ereções espontâneas, principalmente as matinais; da massa óssea; a presença de infertilidade; e de ginecomastia, que é o aparecimento do aumento do tecido mamário nos homens”.
No tratamento, a primeira coisa a ser feita, após o diagnóstico, é excluir as causas concomitantes e atuar nos fatores precipitantes, lembra a endocrinologista. “Por exemplo, no caso da obesidade, sabemos que o procedimento para tratar essa doença pode reverter a andropausa. Então, encaminhamos o paciente para esse tratamento. Outras situações quando existe prejuízo funcional para os homens, como o envelhecimento, podemos fazer a reposição de testosterona, desde que os pacientes não tenham fatores de risco”.
Métodos
Um dos métodos utilizados para reposição hormonal masculina é a injeção intramuscular de testosterona. De acordo com o urologista Rogério Eirado, a frequência da aplicação vai depender do tipo de testosterona usada. “Opções de tratamento mais antigas precisam de aplicação quinzenal. Atualmente, existem apresentações que podem ser aplicadas a cada 10 semanas”.
Ele também explica que os implantes subcutâneos também são indicados para reposição. “A vantagem é a duração mais prolongada, em torno de quatro meses. Ademais, o método facilita o controle dos níveis de testosterona no organismo, evitando flutuações do hormônio e, consequentemente, possíveis riscos à saúde. Através de implantes é muito mais estável, ou seja, evita os picos acima do normal, que são comuns quando você usa o método injetável”.
“O gel também é uma das alternativas para o tratamento de reposição hormonal. Aplicado diretamente na pele, ele é rapidamente absorvido, aumentando os níveis de testosterona. Apesar da facilidade, a testosterona não se estabiliza de forma ideal com este método, gerando flutuações diárias e tornando o controle do tratamento mais difícil. A reposição com o gel deve ser feita todos os dias, em alguns casos, duas vezes ao dia, o que atrapalha um pouco. Além disso, existe o risco de passar a testosterona de forma inadequada para um filho ou esposa”, alerta o especialista.