Este provérbio de origem africana se aplica sempre, e no Brasil não é diferente. Milhares de brasileiros foram à Argentina torcer para o Atlético ou Botafogo na final da Copa Libertadores. Os caminhos foram diversos, por avião diretamente de BH, Rio de Janeiro, São Paulo, Foz do Iguaçu, Curitiba, Florianópolis e Montevidéu ou por carro e ônibus no percurso pelo Sul do Brasil. Calcula-se cerca de 100 mil pessoas gastando em Buenos Aires, enquanto alguns dias antes eram os torcedores do Cruzeiro que viajaram também em grande número para Assunção no Paraguai, o que demonstra a força do esporte. Como torcedor do América fiquei em casa, mas acompanhando pela televisão.
E qual a notícia acerca da economia dos países vizinhos? Em geral, quase todos se queixaram dos altos preços em Buenos Aires, sendo relevante lembrar que os restaurantes de melhor nível estavam cobrando o dobro dos nossos similares. Os hotéis nem tanto e o transporte urbano também acompanha a alta de preços, assim como as lojas em geral. O movimento nas ruas está normal, é o que se vê.
A população argentina tem um nível cultural mais alto do que a brasileira e a formação do povo tem uma miscigenação com predominância europeia. Os dados que são transmitidos mostram uma grande recessão que é uma das receitas para uma crise de alta inflação. A inflação está sendo domada com sucesso já abaixo de 3% ao mês e o câmbio tendendo a estabilizar. As classes superiores se defenderam durante o período mais crítico especialmente na compra de dólares. O grande problema está nas consequências do arrocho financeiro que deixa as classes média e baixa extremamente prejudicadas. Fala-se em 50% de pobreza, mas a cidade segundo os viajantes, está limpa e com menos moradores de rua do que a capital mineira. A classe média baixa enfrenta a “pobreza envergonhada” e o desemprego e a fome são muito maiores do que a média mundial e também em relação ao que vemos no Brasil.
Ainda é cedo para uma avaliação mais criteriosa sobre o governo Javier Milei, especialmente ao lembrarmos da dívida e do caos que a Argentina vinha enfrentando nos últimos anos. Ouvindo aqueles que foram ao Paraguai, o relato é bem distinto. O país vive um bom momento econômico e a taxação em média é de 10%, bem menor do que em nosso país. Os atrativos, porém, ficam bem atrás de Buenos Aires.
Cada um cada um, já se diz tem muito tempo. Por aqui vemos um crescimento bom da economia, mas com preocupações com o futuro em virtude do desequilíbrio de receitas e gastos. A política está confusa e sujeita às novas tendências das redes sociais com suas fake news. Em quem acreditar? Fiz a minha parte como senador, trazendo a discussão dos crimes cibernéticos há 15 anos. Aprovamos na época importantes leis como o Marco Civil da Internet, a Lei Carolina Dieckmann e a Lei Azeredo que introduziu a tipificação dos crimes de racismo pela internet. O Brasil no governo passado finalmente aderiu à importante Convenção de Budapeste, facilitando o intercambio e o combate aos novos crimes, que não conhecem fronteiras.
O governo permanece um pouco desnorteado e sujeito a pressões de todo tipo, enquanto o Judiciário assume funções que exorbitam seu papel institucional. Já o Congresso, pela sua própria natureza, demora a tomar iniciativas. Enfim, 2025 vem chegando e as perspectivas felizmente são de esperanças. Esperamos que não tragam novas frustrações.