De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), nos últimos 12 meses, o número de empregados formais no setor da construção civil cresceu 5,24%, registrando 2.961.712 trabalhadores com carteira assinada em agosto de 2024, o maior número desde 2014 (3.063 milhões), segundo dados do Novo Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho.
Desde 2021, o setor vem criando mais de 210 mil novos empregos formais entre janeiro e agosto de cada ano. A construção civil representa 6,27% do total de trabalhadores formais no Brasil, mas responde por mais de 12% dos novos postos criados e é o terceiro com o maior salário de admissão. O Estado de Minas Gerais aparece em segundo lugar no ranking, com 26.226 vagas geradas, perdendo somente para São Paulo (47.546).
A economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, afirma que o mercado de trabalho é um dos principais desafios da construção. “Até setembro de 2024, estamos com uma atividade positiva. É um crescimento que vem desde janeiro de 2020. Foram gerados mais de 900 mil postos de trabalho de julho de 2020 até agosto desse ano. O mercado se encontra em um processo crescente”.
Já o presidente da CBIC, Renato Correia, destaca que foram mais de 200 mil empregos gerados por ano. “Em 2023, caiu 0,5%, porém, foi em função do varejo, já que as vagas continuaram sendo criadas no mercado formal de trabalho”.
Projeção
A CBIC revisou a projeção de crescimento da construção civil para 2024, elevando a expectativa de 3% para 3,5%. O aquecimento do mercado de trabalho, o bom desempenho da área imobiliária de padrão econômico e a expectativa de crescimento mais robusto da economia neste ano e início do próximo, foram os fatores positivos que motivaram a revisão.
“O setor vem em um ciclo virtuoso de avanço. O saldo de novas vagas geradas continua positivo e os empresários mantêm expectativas otimistas para o nível de atividade nos próximos seis meses. Diante desses fatores, é possível que o crescimento supere o inicialmente previsto”, pontua Correia.
Contudo, a CBIC alerta para os obstáculos a esse desenvolvimento em função das perspectivas de novos aumentos na taxa de juros, que podem diminuir a intenção de investimentos. Além disso, também é preciso considerar a pressão sobre a disponibilidade de recursos do crédito imobiliário.
O presidente alerta que esses fatores podem influenciar o resultado do setor nos próximos meses. “E provocar um desempenho abaixo do esperado, mesmo diante dos atuais indicadores positivos. O cenário futuro está marcado por incertezas, o que deve comprometer os resultados no final de 2024 e início de 2025”.
Histórico
A economista ressalta que a CBIC já havia revisado anteriormente a sua projeção de crescimento para 2024. “No final de 2023 estimamos incremento de 2,3% para as atividades do setor. Em julho, alteramos para 3% em função dos bons resultados dos primeiros meses do ano. Agora, novamente aumentamos a nossa projeção. Os resultados do segundo trimestre foram mais positivos, o que acabou influenciando”.
“A nova estimativa de 3,5% supera as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que está em 3,05%, segundo o relatório Focus, de 18 de outubro, emitido pelo Banco Central”, complementa.
Desafios
Segundo a instituição, a carga tributária elevada continua sendo um dos principais desafios para o setor, especialmente com a expectativa de reformas que podem não atender às necessidades da construção. A escassez de trabalhadores qualificados, é um dos empecilhos para o crescimento e a produtividade.
Além da taxa de juros elevadas, que restringe o acesso ao crédito, impactando o financiamento de projetos e a compra de imóveis; disponibilidade de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e caderneta de poupança; e o custo da construção (matérias e mão de obra), que continua subindo e pressionando as margens de lucro.