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Atendimento rápido é destacado por especialistas no tratamento do AVC

Foto: Alexandre Netto/ALMG

A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) se reuniu para debater a preocupação do aumento no número de casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) no país e suas consequências para a saúde pública. De maneira geral, os participantes da audiência enfatizaram a urgência no atendimento aos pacientes acometidos por AVC, com o objetivo de prevenir mortes e sequelas, seguindo o princípio de que “tempo é cérebro”.

Também foram discutidos temas como a importância de hábitos saudáveis para a prevenção da doença, a revisão dos valores da tabela de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) e a aprovação do Projeto de Lei (PL) 179/19, que estabelece a Política Estadual de Apoio às Vítimas de AVC no Estado.

O presidente da comissão, deputado Arlen Santiago (Avante), ressaltou que é uma doença extremamente difícil tanto para os pacientes quanto para suas famílias, tendo em vista que muitos perdem a capacidade de trabalhar e realizar tarefas corriqueiras e passam a necessitar de cuidados. “A pessoa deixa de produzir e passa a receber auxílio, sendo que se colocasse um pouco de recursos e mais atenção a essa questão do AVC na hora que ele ocorre, com certeza a gente teria muito menos pessoas com sequelas e também muito menos despesas para o poder público”.

Marcílio Catarino, presidente da Associação AVC Norte de Minas, comentou o avanço trazido pela trombectomia mecânica, procedimento para restabelecer o fluxo de sangue no cérebro, mas ainda não ofertado em hospitais públicos em Minas Gerais. Segundo ele, a trombectomia foi incorporada ao SUS em 2023, já com valores defasados. Os hospitais conseguem um reembolso de quase R$ 18 mil, enquanto o preço médio só dos materiais necessários é de R$ 33 mil. “Os pacientes que realizam a trombectomia mecânica no tempo correto chegam a ter 90% de chance de um desfecho favorável”, salientou.

O deputado Doutor Wilson Batista (PSD) e a deputada Leninha (PT) destacaram a importância das medidas preventivas para combater uma doença cujas causas são bem estabelecidas, como hipertensão, diabetes, sedentarismo, tabagismo, obesidade e alimentação inadequada. “É fácil antecipar e evitar, mas hoje, ao contrário, há um número crescente de afetados”, apontou Batista.

Leninha recordou a perda de seus pais devido a um AVC, em um contexto de fragilidade econômica que impediu o acesso a um atendimento de qualidade e aos recursos essenciais para a recuperação. “A prevenção deve contar com orçamento, que não deve ir só para o custeio de hospitais. O pós-AVC é um sofrimento também, devido a condições de vida sub-humanas, em residências sem nenhuma acessibilidade”.

Sandra Gonçalves, presidente da Associação Mineira do AVC, que oferece o suporte de uma equipe multidisciplinar às vítimas da patologia, citou a importância de uma rede de apoio. “Principalmente as demandas mais urgentes que são as de informação. O que é esse AVC? Quais os passos para conseguir a aposentadoria? Onde consigo cadeiras de roda e de banho para uma população tão carente quanto a nossa? A gente montou a primeira oficina de reabilitação neurofuncional que 10 entre 10 pacientes de AVC desejam, que é especializada na doença. São soluções simples e urgentes”.

A coordenadora de Gestão de Cuidados Intensivos Hospitalares, Letícia Freitas, compartilhou as iniciativas implementadas em Minas Gerais no tratamento do AVC. Ela destacou que a doença é tratada como uma prioridade pela Secretaria de Estado de Saúde, que criou um plano estratégico de cuidado, com ênfase no tipo isquêmico, que é o mais prevalente.

“Durante a fase aguda, o tratamento envolve o uso de medicação trombolítica endovenosa, disponível na rede pública, ou a trombectomia mecânica, que está em processo de capacitação. Quando autorizado a realização desse procedimento no Estado, está prevista uma ampliação de 50% no valor repassado pelo SUS”.

Até 2020, Minas contava com seis hospitais de referência para o AVC, hoje são 17. A mortalidade hospitalar, por outro lado, caiu de aproximadamente 16% para cerca de 13%.