Com a proposta de conectar a dança às vivências urbanas, tanto dos bailarinos quanto do público local, promovendo uma interação direta com o ambiente, a Coaduna Cia de Dança vai estrear o espetáculo “Arredores”, que ocupará praças e parques de quatro bairros periféricos de Belo Horizonte, entre os dias 13 de novembro e 1º de dezembro, com entrada gratuita.
As apresentações são a concretização de uma ideia que surgiu durante a pandemia de transformar “Arredores” em um espetáculo itinerante, como revela o diretor artístico da Coaduna, Dadyer Aguilera. “Nesse período, os artistas sentiram a necessidade de sair do isolamento e ocupar novamente os espaços urbanos com seus corpos e movimentos. A proposta era ampliar o alcance da dança, aproximando-a da população e preenchendo a cidade com arte, enquanto ressignificavam a interação entre corpo e cidade. ‘Arredores’ tornou-se, assim, uma forma de levar a dança para além dos palcos tradicionais, trazendo uma experiência sensorial e de conexão para quem encontrasse o espetáculo pelas ruas”.
Ele explica que a escolha de realizar as apresentações nos bairros Havaí, Betânia, Acaba Mundo e Milionários foi motivada, primeiramente, pelo fato de algumas bailarinas de “Arredores” morarem nesses locais e carregar um sentido especial de pertencimento e permitindo que as artistas dancem nesses pontos.
“Além disso, esses bairros representam uma diversidade de contextos culturais e sociais, o que enriquece a experiência artística e fortalece a conexão do espetáculo com a comunidade local. Ao apresentar nesses locais, buscamos aproximar a dança de públicos que nem sempre frequentam teatros ou espaços formais de arte, tornando a experiência mais acessível e acolhedora. Levar o espetáculo a esses bairros transforma as ruas e praças em palcos vivos e cria oportunidades de diálogo com as histórias e os cenários cotidianos das pessoas que ali residem”.
“Arredores” busca refletir as vivências urbanas dos bailarinos ao incorporar experiências pessoais, memórias e sensações que eles vivenciam diariamente na cidade. Segundo Aguilera, cada movimento e interação com o espaço urbano emerge de uma observação profunda e de uma conexão dos bailarinos com os elementos que compõem o ambiente, como ruas, edifícios e os próprios transeuntes. “Assim, o espetáculo se torna uma espécie de tradução dos olhares e sentimentos dos bailarinos sobre a cidade. O espetáculo se adapta aos bairros e às peculiaridades de cada espaço, possibilitando um diálogo entre a dança e o cotidiano de quem está ali”.
A produtora artística Danielle Pavam pontua que a diversidade de trajetórias e formações das bailarinas da companhia enriquece o processo criativo e eleva o resultado artístico de “Arredores”. “Ao participarem ativamente da criação das obras, suas histórias pessoais e formações artísticas e técnicas adicionam uma multiplicidade e profundidade únicas. Suas formações variadas permitem que cada uma contribua com elementos distintos para as criações. Em ‘Arredores’, cada instante da apresentação revela um pouco da trajetória artística e técnica delas, oferecendo ao público uma experiência rica e multifacetada”.
Danielle destaca que a participação colaborativa das bailarinas fortalece a execução dos projetos e amplia a experiência de cada artista, que se sente parte essencial do processo criativo. “Em projetos como este, uma abordagem colaborativa se traduz em uma peça artisticamente rica, onde cada cena carrega o envolvimento, a autenticidade e o crescimento de cada integrante”, finaliza.