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Varejo tem projeções positivas para o último trimestre do ano

Dados mostram aumento de 3,84% nas vendas / Foto: Tânia Rêgo-Agência Brasil

 

As projeções econométricas do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar) mostram que o setor vai ter um aumento nas vendas de 3,84% no quarto trimestre em relação ao mesmo período de 2023 e estabilidade, em relação ao terceiro trimestre de 2024. Para os doze meses do ano, é projetado um crescimento de 3,93%.

A pesquisa constatou uma recuperação das vendas nos segmentos monitorados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, incluindo um conjunto de serviços, pode-se ter uma visão menos promissora do volume de negócios. Dos 42 segmentos, considerando o histórico de vendas, foi registrado um patamar alto das intenções de compra para apenas seis. A maioria posiciona-se em um nível baixo (52,4%). Além disso, para 31 segmentos, representando quase 74% do total, observa-se redução do volume comercializado para o próximo trimestre.

O presidente do Ibevar, Cláudio Felisoni de Ângelo, afirma que esse resultado é consistente com as projeções econométricas para o último trimestre do ano. “Porém, claramente com um forte viés de baixa considerando uma visão do varejo devidamente ampliada. Portanto, segundo as projeções fundamentadas nas séries fornecidas pelo IBGE, pode-se afirmar que a evolução do setor é instável, ou seja, não se identifica, por enquanto, um crescimento sustentável das vendas ao consumidor final”.

O economista e especialista em finanças públicas, Gustavo Aguiar, explica que o principal fator que justifica esse aumento trimestral em relação a 2023, seria a redução do desemprego. “As taxas vem caindo desde o ano passado e houve crescimento da renda dos brasileiros. Podemos citar também, que nos últimos meses, temos visto uma redução da inadimplência dos consumidores. Desde julho, as dívidas das famílias têm diminuído”.

Para Aguiar, o crescimento do setor se apresenta estável. “Sabemos que o varejo sofre com algumas flutuações, em alguns períodos representando um aquecimento das atividades e em outros, uma queda nas vendas. Mas, o ano de 2024, de modo geral, representa uma alta expressiva em relação a 2023”.

Ele ainda destaca que o principal problema enfrentado pelo setor é a alta taxa de juros. “Isso gera um crédito mais caro e restrito, ou seja, limita o consumidor a fazer aquisição de novos bens. Outra questão é a falta de mão de obra. Com a redução do desemprego, o trabalhador começa a ficar mais exigente na busca por trabalhos com melhores condições e remunerações. Mais um ponto é o aumento das vendas por e-commerce, que vem crescendo ano a ano, o que acaba enfraquecendo um pouco o comércio local”.

 

Melhor crescimento do ano

O varejo físico apresentou uma expansão de 1,3% em setembro, comparado com o mês anterior, segundo um levantamento da Serasa Experian. No comparativo entre o mesmo período de 2023, o aumento das vendas foi de 3,7%. O Indicador de Atividade do Comércio da instituição reforça que esta foi a alta mais significativa para o ano.

A análise por setor revela o maior crescimento entre veículos, motos e peças (2,5%). Além disso, outros apresentaram retrações, como combustíveis e lubrificantes (-0,9%) e tecidos, vestuários, calçados e acessórios (-0,7%). No acumulado do ano, o segmento de veículos, motos e peças também apresentou o maior aumento, 8,1%, seguido por combustíveis e lubrificantes (7,4%) e supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas (3,3%).

De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a melhora na venda de veículos e motos tem a ver com a redução do crédito, que vinha baixando desde o ano passado, pontua Aguiar. “E também com a estabilidade da inadimplência, isso permite ao setor aprovar mais financiamentos e com períodos maiores”.

“Outro fator é que embora o Comitê de Política Monetária (Copom) tenha mudado a trajetória da taxa de juros no mês passado, ainda não teve impacto nas vendas. Além disso, tem a questão do mercado de trabalho aquecido. Vemos uma redução do desemprego e o aumento da renda das famílias, que justifica essa melhora”, esclarece Aguiar.