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Projeto social promove desenvolvimento no Aglomerado da Serra através da arte e cultura

São atendidas mais de 200 pessoas semanalmente – Foto: Ester Teixeira

Criado em 2015, o Centro Cultural “Lá da Favelinha” é uma iniciativa independente e sem fins lucrativos, fundada e coordenada pelo artista Kdu dos Anjos. Localizada na vila Novo São Lucas, no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, o projeto é uma organização artístico-cultural, com o objetivo de articular o conhecimento artístico e intelectual, a fim de proporcionar melhorias na condição de vida das pessoas que participam das atividades.

O Centro Cultural nasceu através de uma oficina de rap e uma biblioteca comunitária, com livros arrecadados através de doações e que hoje conta com cerca de três mil exemplares. Diante das demandas da comunidade por outras atividades culturais, formou-se um espaço comunitário e de formação profissional, que atende, principalmente, crianças e jovens, com o intuito de promover a educação, a cultura e o desenvolvimento humano dos moradores do Aglomerado da Serra.

Nascido e criado no Novo São Lucas, o fundador Kdu dos Anjos conta como escolheu a arte e a cultura para a transformação e desenvolvimento social da comunidade. “Estava trabalhando com teatro na época, com o ‘Giramundo’, e também com sarau de poesia e fazia batalhas de rap com a galera da ‘Família de Rua’. Ainda era muito jovem, tinha uns 22 anos, e já circulava o Brasil e ganhava dinheiro trabalhando com arte”.

“E eu vi, às vezes, pessoas mais talentosas do que eu, aqui na comunidade, que não tinham oportunidade. Mas a galera tinha que ter uma chance de encontrar outras realidades que não sejam as que se esperam de moradores da favela”, complementa.

O “Lá da Favelinha” atende mais de 200 pessoas semanalmente. Kdu revela que é difícil mensurar a quantidade de indivíduos que já passaram pelo programa nesses nove anos de existência. “Por exemplo, na pandemia, a gente produziu duas mil marmitas por dia, seis mil cestas básicas por mês e 60 mil máscaras em um período de três meses, então é um número imensurável”.

“O nosso trabalho é feito em rede ampla, desde outras associações e Organização Não Governamental (ONGs) do Aglomerado, como o ‘Seu Vizinho’, que é um bloco de carnaval; Associação Comunitária dos Moradores da Vila Cafezal, que é a principal associação da comunidade; e também temos parceiros e patrocinadores, como a ArcelorMittal e Petrobras”, complementa.

Projetos

Kdu destaca que são ofertadas 13 oficinas gratuitas, voluntárias e semanais, entre elas, capoeira, judô, bordado, pilates, teatro, espanhol e poesia. “Elas são abertas para o público em geral, então vem pessoas da cidade toda, mas acaba que a concentração de participantes é mais do Aglomerado da Serra. E os professores também, tem vários que são da comunidade, mas outros não”.

“Atualmente, temos o projeto ‘Favelinha Dance’, que é um grupo de danças do funk; o ‘Remexe Favelinha’, que é uma cooperativa que faz roupa de roupa que já existe; tem um grupo que chama ‘Ponto Chique’, que são mamães costureiras e bordadeiras; além das 13 oficinas semanais. Temos também o ‘Brinco de Ouro’ que é um espetáculo de funk que está circulando pela cidade”, pontua o artista.

Ele acrescenta ainda o ‘Disputa Nervosa’. “Que é uma batalha de passinhos de funk, que vai acontecer em oito estados brasileiros; nós temos também o ‘Favelinha Fashion Week’, que já aconteceu duas vezes esse ano; e as festas pontuais, que é o aniversário da ‘Favelinha’, o Dia das Crianças, Páscoa e Natal”.

Aprendizado

Cauã Reis, de 19 anos, afirma que já participou de danças urbanas, espanhol, inglês, judô, capoeira e teatro no Centro Cultural. “Agora estou em uma nova fase na ‘Favelinha’, sou assistente de produção. Quero aprender muito sobre a área, cultura e os eventos”.

“Comecei a frequentar o Centro Cultural aos 11 anos de idade. A ‘Favelinha’ modificou minha forma de pensar, foi onde aprendi sobre cultura e tive meu primeiro contato com o funk e as artes marciais, que é algo que sou apaixonado”, finaliza.