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O tempo passa, o tempo voa

Neste momento relevante, ainda estamos em um período eleitoral, onde algumas importantes cidades terão segundo turno. Nestes casos, como eleitores, vemos de tudo acontecer, com a disseminação de informações e notícias falsas, conhecidas como fake news, que se tornaram um problema grave, especialmente com o crescimento das redes sociais e da comunicação digital. O WhatsApp, por exemplo, uma importante ferramenta para nós, indivíduos, nos comunicarmos, também pode ajudar e muito a disseminar essas notícias. Grupos e mais grupos recebem, diariamente, todo tipo de informações. E, neste momento que a política está pulsando, nos causa repulsa o posicionamento de certos candidatos que não conseguiram votos suficientes para estar no segundo turno. A postura é inacreditável. No jargão popular chamaríamos de “cara de pau”. Até as eleições no primeiro turno, só faltavam agredir a mãe dos concorrentes adversários. Agora, participam de alianças, esquecendo o passado. É um “vale tudo” ou “salve-se quem puder”, na certeza de que os seus eleitores irão entender o seu posicionamento. Recentemente, recebi o vídeo de um candidato ameaçando o atual prefeito (candidato à reeleição), que caso fosse eleito, assim que tomasse posse, iria providenciar a prisão de seu concorrente. Perdeu e agora, declara apoio e pede votos aos seus eleitores para o prefeito. Pode?

Na intenção de aprovar no início de novembro (será?) o Projeto de Lei Complementar (PLC) 68/24, que regulamenta a esperada reforma tributária, o Senado Federal corre contra o tempo. Segundo o relator do projeto, senador Eduardo Braga (MDB), existe a possibilidade que só no ano que vem, após o recesso parlamentar, a aprovação deve se concretizar, pois tanto ele como os demais senadores devem ainda negociar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), para que o relatório final seja um consenso entre as duas casas. Com mais de mil emendas, mais parecendo uma colcha de retalhos, a expectativa é que o projeto retorne para a Câmara dos Deputados, onde serão analisadas as principais mudanças e assim as alterações não sejam revertidas. Lamenta-se muito que esta segunda agenda tenha prioridade sobre as duas reformas fundamentais, que são a administrativa e a política.

Enquanto isso, sem resistência, o plenário do Senado Federal aprovou, logo após o primeiro turno das eleições, a indicação de Gabriel Galípolo para assumir a presidência do Banco Central a partir de janeiro de 2025. Ele entrará no lugar de Roberto Campos Neto e ficará no posto por quatro anos. Questionado pelos senadores, disse que o atual presidente garantiu que ele terá liberdade e autonomia no desempenho de suas funções e em suas decisões, para que ele se oriente pelo interesse do bem-estar da população. Embora tenha a confiança do governo, Galípolo é oriundo do mercado financeiro e contava com simpatia, mesmo entre os senadores mais conservadores. Relevante é destacar algumas opiniões de pessoas do mercado.

Segundo o CFO do Banco Mercantil, o país precisa de uma âncora fiscal que nos permita contar com um grau de previsibilidade maior (no que toca ao ritmo de expansão das despesas públicas), o que é especialmente importante quando olhamos para a dívida pública, já próxima de 80% do Produto Interno Bruto (PIB). Deste modo, a maior preocupação é com a falta de previsibilidade da execução fiscal do governo. A análise direta e precisa, para quem, em que pese o aspecto positivo do crescimento econômico, os juros altos e as incertezas fiscais inibem investimentos e afetam as expectativas do mercado e dos empresários. Em relatório publicado recentemente, o Santander avalia ser factível atingir o limite inferior da meta em 2024. Mas o cenário para 2025 impõe desafios, embora haja mais tempo para o “ajuste de despesas”. Lembrando que o governo tem trabalhado na agenda de avaliação de gastos de forma mais efetiva, além da motivação política de dispor de recursos para 2026, ano de eleição presidencial.

A taxa básica de juros (Selic) deverá continuar em ascensão, pelo menos, até março do ano que vem, até o patamar de 12,25% ao ano, embora não seja necessário prosseguir no aperto monetário por mais algum tempo.