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Índice de jovens que não trabalham e nem estudam diminui 5% no Brasil

Taxa ainda é superior à dos outros países membros da OCDE / Foto: Arquivo/Agência Brasil

O relatório internacional Education at a Glance (EaG) 2024, divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostra que houve uma redução no percentual de jovens entre 18 e 24 anos que não trabalham, não estudam e nem seguem em formação no Brasil, passando de 29,4% em 2016 para 24% em 2023. Mesmo apresentando queda, a taxa é superior à dos outros países membros da OCDE, a média foi de 15,8% para 13,8%. Segundo o estudo, mercados de trabalho fortes e uma participação crescente na educação levaram a essa redução.

Para a presidente da Comissão Especial de Educação Digital da OAB/MG, Daniela Avelar, além de um maior investimento na estrutura educacional, melhor capacitação e maiores oportunidades de emprego, tivemos o aumento da inserção no mercado de trabalho informal. “Tudo isso contribui para essa redução do índice. Na minha perspectiva, as pessoas têm percebido a necessidade de ter uma capacitação, não necessariamente um ensino superior, mas um curso técnico e de se aprimorar para conseguir uma colocação no mercado”.

Ela ressalta que apesar de ter reduzido o índice, ainda há um número expressivo de pessoas nessas situações. “E isso apresenta um cenário muito ruim, pois uma população, quando não é conscientizada, não tem condições adequadas para a sobrevivência, retarda o avanço da própria sociedade, tanto econômica quanto política”.

Uma das ações principais para diminuir esse dado é o investimento, conforme avalia Daniela. “Empregar recursos em educação para fornecer uma estrutura melhor, mais moderna, que de fato consiga prender a atenção do aluno, tanto na parte educacional quanto na questão do trabalho. Essas melhorias são graduais, mas é importante que sejam feitas políticas públicas”.

Investimento

O mesmo relatório também apontou que no Brasil, a cada ano, entre 2015 e 2021, o investimento público em educação caiu, em média, 2,5%. O país investe, em média, por ano e aluno, nas escolas de ensino fundamental, cerca de R$ 20,5 mil. Já as nações da OCDE são, em média, R$ 66,5 mil. No ensino médio, esses gastos chegam a R$ 22,6 mil. Enquanto os países da OCDE investem R$ 71 mil. No ensino superior, chega a um montante de R$ 75,8 mil no Brasil e R$ 95,7 mil entre os países da OCDE.

Daniela aponta que quando não ocorre investimento público, o país trabalha na contramão de tudo que está sendo feito, porque a base é a educação. “Quanto menor forem esses recursos, não só os jovens perdem com isso, mas toda a sociedade. Se houver essa diminuição de investimento nos próximos anos, vamos caminhar para um cenário perigoso, porque isso interfere nos dados da violência, por exemplo, e até mesmo no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”.

Professores

No país, os professores recebem menos e trabalham mais do que a média da OCDE. Em 2023, o salário médio anual dos professores nos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) era R$ 128,4 mil. Valor 47% abaixo da média da OCDE, de R$ 240,2 mil. O documento ressalta que os trabalhos desses profissionais consistem numa variedade de tarefas, incluindo ensinar, mas também preparar aulas, entre outros.

Além disso, enquanto, em média, na OCDE, há 14 alunos por professor nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), e 13 nos anos finais e no ensino médio, no Brasil, os números correspondentes são, respectivamente, 23, 22 e 22 estudantes por profissional de educação.

A professora Flávia Aparecida Silva, que leciona há 17 anos, diz que dá aulas para uma turma do 4º ano do ensino fundamental inicial da rede estadual. “Tenho 25 alunos assíduos. Além de administrar aulas, faço o planejamento, as recuperações paralelas, trabalho com conteúdos diferenciados para estudantes que estão no nível aquém da turma e também além, e ainda tem outras tarefas protocolares. Há uma sobrecarga muito grande”.

“Acredito que a melhora do setor passa por investimento e valorização do professor. Entendo que o problema, sobre a educação não melhorar, está muito ligado a sobrecarga do profissional. Mas, também tem outras questões que precisam melhorar, inclusive a assistência à família, principalmente, na parte psicológica”, finaliza Flávia.