Dados da última edição do Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial (SOFI 2024), mostraram que menos pessoas estão em situação de insegurança alimentar severa no Brasil. De acordo com o texto, eram 17,2 milhões de pessoas que se encontravam nessa situação em 2022. Já em 2023, a quantidade caiu para 2,5 milhões de brasileiros, uma redução de 85%.
Em termos gerais, números da ONU e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que entre 2022 e 2023, mais de 24 milhões de pessoas deixaram de passar fome no país. Para discutir o assunto, o Edição do Brasil conversou com a nutricionista do Hospital Felício Rocho, Letícia Costa.
O que pode ter auxiliado na saída dessa parcela da população desta situação?
Um dos principais fatores que ajudaram na saída dessa parcela da população é a reestruturação financeira e econômica que aconteceu após a pandemia, que atrapalhou os mais pobres de terem acesso a uma alimentação acessível.
Quais são os desafios que o Brasil ainda possui para diminuir essa estatística?
O Brasil ainda enfrenta problemas em relação a discrepância econômica e financeira. Esse é o principal motivo da dificuldade em garantir o direito a uma alimentação adequada, nutritiva e segura para 100% da população. Sem falar na grande incidência de desperdício de alimentos.
De que maneira a educação e conscientização sobre nutrição podem ajudar a combater a insegurança alimentar nas comunidades mais afetadas?
A educação nutricional e a conscientização sobre a importância da nutrição na qualidade de vida, para reverter a insegurança alimentar, está relacionada a garantir o direito humano à alimentação adequada. O mapeamento do local é essencial para implantar políticas que sejam efetivas nesse local e promover uma alimentação sustentável, agricultura familiar e a valorização da cultura alimentar local. Temos que olhar a diversidade de opinião, perspectiva, considerar a legitimidade dos sabores e saberes de diferentes naturezas e aproveitar os bens naturais locais para que eles também ajudem a garantir uma alimentação adequada de qualidade. Também é necessário falarmos sobre a valorização da culinária enquanto uma prática emancipatória.
Além da distribuição de renda, quais outras estratégias podem ser utilizadas para que o Brasil saia novamente do Mapa da Fome?
A educação nutricional de um modo geral, para quais são os alimentos nutritivos que ela precisa escolher e também pensar na sazonalidade dos alimentos, porque eles vão naturalmente ser mais baratos. Também são necessárias políticas públicas que incentivam a redução do desperdício de alimentos. A conscientização da população sobre as políticas públicas, principalmente as de baixa renda, sobre as possibilidades que elas possuem para garantir uma alimentação saudável para todos da família e a promoção da alimentação e agricultura sustentável, que é a aposta da atualidade no combate à fome e garantia da segurança alimentar.