Diarreia, flatulência e distensão abdominal são os sintomas da doença celíaca, em que a ingestão de alimentos contendo glúten provoca uma resposta imunológica anormal no intestino delgado e resulta em inflamação. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1% da população mundial tem essa enfermidade. No Brasil, o dado representa cerca de 2 milhões de pessoas. Já de acordo com o Ministério da Saúde, em 2023, a prevalência em crianças foi estimada em 0,9% e em adultos de 0,5%.
O gastroenterologista da Unimed-BH, Bruno Squárcio Sanches, explica que a doença celíaca é a intolerância ao glúten. “Uma molécula comum em nossa alimentação e presente em trigo, centeio, cevada e aveia. A patologia é imunomediada, isto é, diante de uma predisposição genética, o contato com o glúten é capaz de desencadear uma resposta inflamatória no intestino com repercussões fora do aparelho digestório”.
“A doença celíaca pode também comprometer a absorção de nutrientes. Essa condição acarreta consequências mais complexas, como mal-estar após as refeições, anemia e até quadros de desnutrição. Para os pacientes, compreendemos que o maior obstáculo é a adesão à dieta sem glúten e não se contaminar nas refeições e lanches fora de casa, como em viagens, lanchonetes ou restaurantes”, complementa Sanches.
Ele ressalta também que os fatores de risco da enfermidade são a presença das alterações genéticas que favorecem esse tipo de reação. “Pessoas com diabetes tipo 1; síndrome de Down, Williams e Turner; tireoidite; e familiares de primeiro grau de pacientes com a doença são os mais propensos a essa intolerância”.
Diagnóstico
A contadora Marbelle Silva recebeu o diagnóstico ainda na infância e explica que após vários episódios de diarreia e desmaios foi levada a um especialista para investigação. Hoje, ela faz acompanhamentos periódicos com gastroenterologista e biópsias esporádicas. “Quando apresento alguma alteração em exames de sangue específicos para celíacos, solicitados pelo médico, preciso me submeter a biópsia para confirmar se está tudo certo”.
“Em caso de sintomas relacionados a qualquer intolerância alimentar, não insista na introdução do alimento, pois isso não fará a intolerância diminuir como muitos dizem. Procure profissionais qualificados para um diagnóstico correto e façam a dieta de maneira correta. Só assim poderão ter uma vida normal e saudável”, aconselha a contadora.
De acordo com Sanches, muitos pacientes recebem o diagnóstico tardiamente, sendo um grande desafio para eles e para os profissionais da saúde. “Quando uma pessoa chega aos consultórios, geralmente, já passaram meses ou até anos do início dos sintomas. A análise também é morosa, pois envolve a história clínica, exames médicos e laboratoriais e, ainda, biópsia por endoscopia do intestino delgado”.
Sem cura
Até o momento, não existe procedimento curativo da enfermidade, esclarece o gastroenterologista. “O tratamento é feito pela dieta, com exclusão total do glúten e o paciente deve ser acompanhado para monitorar outras condições que se associam à doença celíaca. Também não existe, na atualidade, nenhum tratamento preventivo”, finaliza.