Que a dívida do Estado de Minas Gerais com o tesouro nacional seja “impagável” todos sabemos. Que o atual governo de Minas está completamente alheio a tal dívida, sabemos também. É quase inacreditável que nosso principal gestor não tome atitudes e comande, pessoalmente, o que poderá trazer nefastas consequências para nosso futuro. É tarefa indelegável do governador do Estado, comandar os destinos de sua gestão e futuro político/econômico da instituição que dirige. Coragem e altivez, força e liberdade, sempre foram dogmas dos homens das Minas Gerais. Empurrar com a “barriga” e aceitar a solução do credor é muito cômodo, próprio de quem não tem capacidade ou interesse em tomar a frente e defender o Estado para o qual foi eleito governador, legitimamente, pelo seu povo. Não lutar, não buscar apoio e combater o bom combate é omissão, deixar para o futuro um problema imenso, que irá inevitavelmente impactar nosso destino de forma catastrófica. Enquanto isso, o tempo vai passando e a dívida só aumentando.
Aliás, uma dívida jamais auditada, imposta ao nosso Estado, e aos demais da federação, pelo abuso e agiotagem do tesouro nacional, sem nunca dar transparência ao valor questionável do seu montante. Tomar dinheiro internacional a juros de 6% ao ano e repassá-lo a 9% é próprio de agiota, sem que, ao longo dos anos, fizesse o correto crédito dos valores pagos. Uma dívida que só aumenta, apesar dos pagamentos mensais feitos ao longo de quase 30 anos. Veja o leitor que temos auditores fiscais que já se ofereceram para, de graça, fazerem um levantamento transparente destes débitos e créditos, para isto teriam que acessar os contratos. O que faz o governo do Estado? Nega-lhes este acesso. Tanto o Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Minas Gerais (Sindifisco-MG) como a Associação dos Funcionários Fiscais (Affemg) já se propuseram a tal iniciativa e qual é a reação do governo do Estado? Repito, nega-lhes a atuação e sequer agradece. Nosso Ministério Público e a Justiça do Estado, silenciam-se.
Mineiro tem fama de pessoa séria, bom pagador, valoriza a palavra e muito mais a assinatura de um documento. Não pode, nosso atual governador, quebrar nossa tradição de altivez, povo de luta, libertário e aproveitar-se de decisões herdadas de seu antecessor, a quem tanto criticou, ao deixar tal problema ser levado no vai da valsa. É muito cômodo apelar ao Supremo Tribunal Federal (STF), reiteradamente e buscar liminares e adiamentos na solução deste endividamento. A primeira coisa que deveria ter feito seria contestar os valores cobrados, tomar atitudes políticas e usar a força institucional do Estado como arma de luta, mobilizar a Assembleia Legislativa, deputados federais e senadores, associações de classes, igrejas, povo, seja lá quem mais queira, em favor da causa. Isto é política, arte sempre negada pelo nosso mais importante representante político. Jamais aceitar ser recebido por funcionários de segundo ou terceiro escalão para tratar de tão importante assunto, como aconteceu, mesmo que tenha sido ignorado pelo então ministro da Fazenda, com agenda marcada. Demonstrou frouxidão e falta de legitimidade, fraqueza, rompendo com o que nosso Estado sempre teve: voz, altivez, poder, liderança e respeito. Que o governo tem quebrado tradições e cultura de nosso povo, em nome de um “governo diferente, Estado eficiente” nós já sabemos, pela insistência de sua comunicação questionável. Só que o Estado não é eficiente, o governo sim, está diferente, para pior. Vide estado das estradas, saúde, educação, finanças e segurança. Realçar suas trapalhadas na cultura é chover no molhado, já que está sendo conhecido como o “exterminador da cultura”, acontecimentos lamentáveis como os casos da Sala Minas Gerais, Filarmônica, e extinção do BDMG Cultural, fatos inacreditáveis, especialmente se considerarmos que temos na Secretaria da Cultura um profissional da área, Leônidas Oliveira.
Minas já foi diferente, homens de valor já passaram pelo Governo do Estado, fizeram história, honraram seus cargos para orgulho de seu povo. Não podemos contentar com a omissão e nos vergar ao modesto e pequeno tamanho atual. Reaja, governador.