Propondo um passeio por diferentes possibilidades de estabelecer diálogos acerca de identidades, resistências, multiplicidades e movimentos, combinando lirismo e questões sociais, o visitante do Memorial Minas Gerais Vale poderá visitar até o dia 27 de julho, as obras dos artistas premiados na 7ª edição do Edital Novos Artistas do Memorial. Titulada como “abrir-se um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul”, é uma homenagem ao livro do poeta mineiro Adão Ventura (1946-2004), que completa 54 anos da sua publicação.
Os trabalhos buscam se aproximar do legado do poeta que se destacou pela produção de uma obra comprometida em escancarar uma desordem existencial e social experienciada por um sujeito que se coloca, desde sempre, na condição de outro.
Os artistas Ana Raylander Mártis dos Anjos, Daiely Gonçalves, Lucas Matoso e Will, foram os escolhidos para terem as suas obras expostas no espaço. Daiely conta que durante o seu processo de produção não costuma pensar em como gostaria que o espectador vá sentir. “Apenas espero que o trabalho se reverbere em algum ponto ruim ou bom, que leve a algum lugar, uma reflexão, o trabalho foge do meu querer a partir do momento em que vai para o mundo”.
O processo curatorial foi realizado por Marcel Diogo e Fabíola Rodrigues. Ela destaca que foi uma experiência gratificante trabalhar com os quatro artistas. “As produções realizadas, assim como a prosa poética de Adão Ventura, apresentam questões contemporâneas que ainda permeiam nossas vivências cotidianas, como afetividade, pautas sociais, resistências e coletividades, em uma multidimensionalidade de experiências, a partir de suas perspectivas e atravessamentos”.
Fabíola conta que durante a prática curatorial, permite conectar as vivências individuais em cada pesquisa. “Venho desenvolvendo uma pesquisa contínua sobre territórios com desdobramentos relacionados entre arte contemporânea e literatura. Desta vez, trabalhar com artistas com temáticas contemporâneas e experimentações em diferentes linguagens e suportes sempre nos orienta para dinâmicas que permitem estabelecer diálogos entre diversas realidades, mas que em certa medida estabelecem relações temáticas e/ou estéticas. Durante o processo, a parceria com Marcel Diogo, que também é artista, foi fundamental para engrandecer a proposta curatorial”.
A curadora da exposição espera que o público possa se conectar com os artistas e as suas produções. “Como em um ‘passeio’ pelos modos de ser e estar no mundo a partir das suas experiências individuais e coletivas, sejam elas de convívio ou de resistência diante do mundo que nos cerca”, conclui Fabíola.