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Desmatamento da Mata Atlântica em Minas registra queda de 57%

Índice também apresentou recuo no país / Foto: Thomas Bauer/SOS Mata Atlântica

De acordo com os dados da Fundação SOS Mata Atlântica, com base no Atlas da Mata Atlântica e no Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica, Minas Gerais, que costuma estar entre os Estados que lideram o ranking de derrubadas de árvores, registrou queda de 57% no desmatamento do bioma em 2023, em comparação com o ano anterior. O percentual é ainda superior ao observado no Brasil como um todo.

A área desmatada caiu de 7.456 hectares em 2022, para 3.193 hectares, no ano passado, segundo o estudo. Levantamentos realizados pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) revelam que entre janeiro e abril de 2024 foram identificados 296 alertas de desmatamento no bioma, totalizando 1.204 hectares. No mesmo período em 2023, foram observados 301 alertas, que somavam 1.722 hectares.

A engenheira agrônoma, mestre em Ciências Agrárias e professora do Centro Universitário Una, Verônica Alves Mota, afirma que esse é um dado para ser comemorado. “Porém, temos a retirada de madeira em regiões separadas, em pontos e localidades específicas. E isso se deve à questão da legislação ambiental, que acaba autorizando construções e atividades agrícolas, em áreas de Mata Atlântica que deveriam ser preservadas”.

“Minas Gerais teve uma boa redução no desmatamento em relação ao restante do país, mas a liberação de várias licenças ambientais não está favorecendo a retirada de madeira de pontos específicos. Temos legislações para determinadas árvores, por exemplo, para espécies do Cerrado, contudo, não temos leis para outros tipos de madeiras”.

Ano passado, conforme o governo estadual, foram realizadas mais de 47 mil ações de fiscalização, um aumento de 24% em relação a 2022. Dentre os investimentos realizados, foram adquiridos drones e tablets para o policiamento; renovação da frota de veículos; implementação do uso da plataforma Brasil Mais, que reduziu o tempo de monitoramento e detecção de desmatamento; além da instalação das salas de Inteligência e de Situação de Combate ao Desmatamento, que tem previsão de ser entregue ainda em junho.

A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, ressaltou que o combate ao desmatamento é uma prioridade e um desafio em Minas. “Temos um Estado vasto, com cerca de 32% de vegetação nativa ainda preservada e com a maior área remanescente de Mata Atlântica do país. Nosso trabalho e vigilância são contínuos e os números apontam que estamos no caminho certo”.

Brasil

De acordo com o Atlas, o desmatamento no bioma caiu de 20.075 hectares em 2022 para 14.697 em 2023, uma queda de 27%. A entidade ressalta que esses dados, entretanto, oferecem uma visão parcial do cenário. Isso porque o Atlas monitora áreas superiores a três hectares de florestas maduras, o que corresponde a 12,4% da área original do bioma. Houve uma diminuição do desmatamento em grande parte dos 17 estados da Mata Atlântica, com exceção de Piauí, Ceará, Mato Grosso do Sul e Pernambuco. Além de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina também se destacaram de forma positiva, com queda de 78% e 86%, respectivamente.

Segundo o SAD, o desmatamento total aumentou de 74.556 para 81.356 hectares de 2022 para 2023, a área é o equivalente a mais de 200 campos de futebol desmatados por dia. Embora os números pareçam conflitantes, ambos apontam a mesma tendência de redução de desmatamento na Mata Atlântica e aumento nos encraves dos outros biomas.

O diretor-executivo da SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, explica que a diferença entre os números se dá pelo aumento das derrubadas em encraves no Cerrado e na Caatinga, principalmente na Bahia, Piauí e no Mato Grosso do Sul. “Está evidente que os desafios na Caatinga e no Cerrado são maiores do que nunca, assim como a aplicação da Lei da Mata Atlântica nas regiões de transição”.

“Enquanto não houver um olhar integrado para todos os biomas, tanto no que se refere a zerar o desmatamento quanto à priorização da restauração florestal, as crises do clima e da biodiversidade continuarão a se intensificar. Menos floresta representa mais desastres naturais, epidemias e desigualdade. Para a agricultura, significa também quebras de safra recorrentes”, finaliza o diretor.