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Campanha quer ampliar em 5% a oferta de leite materno

Foto: Rafael Assis/Fhemig

 

Em 2023, o Ministério da Saúde registrou a doação de 253 mil litros de leite humano, a partir da ação de 198 mil mulheres. Com isso, 225.762 recém-nascidos foram diretamente beneficiados. O número é 8% maior do que o verificado em 2022. A meta para 2024 é ampliar em 5% a oferta de leite materno a bebês internados nas unidades neonatais. O Brasil possui 225 bancos de leite humano em todos os estados e 217 postos de coleta.

A consultora em amamentação, Aline Lamas, explica que o leite materno é o melhor alimento que um recém-nascido pode receber. “É rico em anticorpos, nutrientes e fatores de crescimento. Protege contra doenças infecciosas, alergias, reduz o risco de obesidade, diabetes, hipertensão e hipercolesterolemia na fase adulta, minimiza o risco de leucemia na infância e favorece o desenvolvimento cognitivo e intelectual. A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta que o bebê receba apenas leite materno até os 6 meses de vida e permaneça sendo amamentado até os 2 anos ou mais”.

Um litro de leite materno doado pode alimentar até 10 recém- -nascidos por dia, explica Aline. “Ele desempenha papel crucial no desenvolvimento dos prematuros, protegendo contra enterocolite necrosante, uma condição intestinal potencialmente fatal; reduzindo complicações como a displasia, retinopatia e sepse tardia, além de minimizar a chance de reinternação no primeiro ano de vida”.

A profissional ressalta que o estresse e o nervosismo podem prejudicar a ejeção do leite. Isso ocorre porque os níveis elevados de cortisol podem inibir a ação da ocitocina, hormônio envolvido no processo. Além disso, maus hábitos também afetam, como tabagismo, etilismo, alimentação e hidratação precárias.

“O estímulo mais efetivo e crucial para a produção de leite é ter um bebê mamando de forma eficaz e livre. Garantir uma alimentação saudável e hidratação adequada, auxilia o corpo neste processo. Alguns estudos evidenciam que alimentos como nozes, macadâmia, aveia e hortaliças verdes escuras podem auxiliar a aumentar a produção láctea. Também é preciso ter drenagem frequente, ou seja, quanto mais o bebê mama, mais leite é produzido”.

A professora Ellen Oliveira foi doadora durante seis meses. “Saber que estava ajudando outros bebês e outras mães era gratificante e encorajo todas as mulheres que produzem leite de sobra a doarem também. Este ato pode salvar a vida de milhares de recém-nascidos”.

 

Minas Gerais

A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) é responsável pelo Banco de Leite Humano (BLH) da Maternidade Odete Valadares (MOV), que é referência técnica para outros bancos e postos de coleta no estado. Atualmente, o estoque é de 112 litros, que é suficiente para atender a demanda, considerando os bebês internados na neonatologia da maternidade.

“O serviço é responsável pela execução de cursos de manejo clínico do aleitamento materno e pelo monitoramento e assessoria técnica de todos os bancos de leite e postos de coleta do estado e realiza a coleta, processamento, controle de qualidade e distribuição de leite humano pasteurizado, além de atendimento pediátrico, psicológico e nutricional”, diz a coordenadora do BLH da Maternidade Odete Valadares, Karine Antunes.

Ela informa que o leite doado passa por várias etapas rigorosas obedecendo a legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde, garantindo toda a segurança para quem doa e recebe o leite. “Toda doação é destinada aos bebês prematuros e prematuros extremos, que estão internados na MOV e de outras unidades parceiras de Minas Gerais”.

“Podem doar todas as mulheres que estiverem amamentando e saudáveis, não estiverem utilizando medicamento que contraindique a doação de leite, não fume, não consuma bebida alcoólica e não utilize drogas, apresente os exames atualizados: VDRL, HIV, HbsAg, hemograma e demais sorologias, a critério médico do Banco de Leite Humano”, completa.