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Trabalho escravo, um drama

Quando se fala em trabalho escravo, logo vem à mente que esse verdadeiro drama social é coisa de regiões distantes dos centros mais desenvolvidos do país. Ledo engano, senhoras e senhoras. Basta olhar os números difundidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), quando 3.190 trabalhadores foram resgatados de situação análoga à escravidão no ano passado. E grande parte das ações aconteceu no Sudeste brasileiro, com um montante de 1.153 casos, seguida do Centro-Oeste (820) e Nordeste (552). Minas Gerais ocupa o segundo lugar desta lista, ficando atrás apenas de Goiás.

É incrível como ainda existem empregadores inescrupulosos que usurpam o direito de seus empregados, impondo-lhes submissão, tarefas forçadas, jornadas excessivas, sem intervalos para refeições e sem descanso necessário. O advogado trabalhista João Castro condena com veemência essa pressão contra os indivíduos. Em sua avaliação, muitos exploradores se valem de uma situação de vulnerabilidade de suas vítimas em relação à pobreza extrema, especialmente na atuação específica do setor rural.

Existe uma preocupação das autoridades, especialmente do governo federal, visando dar um basta nesta realidade. Já está funcionando o Sistema Ipê, uma plataforma digital criada pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do Trabalho e Previdência, com a finalidade de receber denúncias sobre o tema. Qualquer pessoa pode registrar as denúncias de maneira anônima, com praticidade e segurança. Paralelamente, existe o Disque 100, que é voltado para qualquer tipo de violação dos direitos humanos.

Para além dessa narrativa, é preciso mais conscientização por parte dos empresários, produtores rurais e os empregadores em geral, para mudar essa cultura de se auferir mais lucros sobre o verdadeiro sacrifício humano. Isso é coisa do passado, quando a escravidão ainda reinava do Brasil.

No momento, o país se insere cada vez mais entre as nações desenvolvidas e não merece esse tipo de noticiário negativo, capaz de macular a nossa imagem. Isso seria ruim para o próprio setor produtivo, afinal, vale lembrar que o nosso agronegócio é a resultante de uma super produção sem ilação com esse nefasto sacrifício dos mais humildes. O mundo evoluiu e essa exploração dos humanos pelos humanos é um ato de desumanidade que deve ser execrado.