A mídia esportiva ocupa de forma praticamente total o espaço para cobertura dos principais eventos do segmento. Muita gente reclama, mas é natural. Não poderia ser diferente. O que angaria audiência e faturamento fortes são as grandes competições nacionais e internacionais, envolvendo os maiores times e suas estrelas. Campeonato regional da primeira divisão, Brasileirão da série A, Copa do Brasil, Sul-Americana, Libertadores, campeonatos e torneios dos principais países e jogos da seleção funcionam como imã poderoso, atraindo milhares de torcedores e milhões em recursos financeiros. O que sobra quase não recebe atenção da mídia.
Exceto com relação ao trabalho guerreiro das rádios do interior. Ao longo dos anos, sempre superando as maiores dificuldades, as emissoras não medem esforços para transmitir os jogos dos times das suas cidades nas mais variadas competições. Além da divulgação, da informação, ainda geram renda para muitos profissionais novos e antigos.
Este ano, a Rede Minas e a Rádio Inconfidência, veículos de comunicação do Governo do Estado, abraçaram a causa dos eventos do módulo II e da segunda divisão do futebol mineiro, transmitindo vários jogos, inclusive de outros esportes. Sem dúvida, uma bela e importante iniciativa.
Em 2023, já rolou o campeonato mineiro do módulo II, com a participação de 12 times, alguns tradicionais, como o Tupi, URT, Boa, Uberlândia, Tupinambás e algumas novidades como o Betim, Itabirito e o North de Montes Claros. Depois de acirrada disputa, dois se classificaram para o módulo I do próximo ano. O caçula Itabirito, da cidade de mesmo nome, e o conhecido Uberlândia, do Triângulo Mineiro, que tem uma bonita história no futebol.
Eles se juntam a Atlético, Cruzeiro, América, Villa Nova, Athletic, Patrocinense, Pouso Alegre, Tombense, Ipatinga e Democrata de Governador Valadares para a disputa da divisão especial (módulo I) em 2024. Um campeonato que promete fortes emoções. Infelizmente, dois times famosos de Minas caíram para a segunda divisão. A Caldense, que já foi campeã, e o Democrata de Sete Lagoas, que já foi vice, revelando vários talentos para o futebol brasileiro.
No momento, acontece o campeonato da segunda divisão, que no fundo é a terceira divisão, com um nome mais pomposo. É uma competição complicada. Muitas viagens, campos ruins e falta de recursos. Praticamente pagam para jogar. É um evento com pouca visibilidade. Difícil conseguir patrocinadores e as rendas de bilheteria pouco ou nada representam. O que vale mesmo é só vontade, o esforço de dirigentes abnegados e o sonho de subir degraus. De voltar a disputar as principais competições do estado, quem sabe do Brasil.
Este ano, 17 times participaram da primeira fase da segundona. América-TO, Araxá, Atlético de Três Corações, Boston City, Coimbra, Contagem, Guarani-MG, Inter de Minas, Juventus-MG, Mamoré, Nacional de Uberaba, Paracatu, Pirapora, Poços de Caldas, Serranense, Valeriodoce e Villa Real. Alguns times já participaram da elite, como é o caso do América-TO, Guarani-MG, Mamoré, Nacional de Uberaba, Valeriodoce e Araxá. Nos últimos anos, entraram em uma fase muito ruim e tentam brilhar novamente.
Estão classificados para as semifinais: Poços, América, Araxá, Mamoré, Coimbra, Guarani, Valério e Contagem. Os vencedores seguem para as semifinais e daí para a grande final. O campeão e o vice sobem para o módulo II.
Enfim, se para disputar uma primeira ou segunda divisão regional já não é muito fácil. Imagina o sacrifício para bancar um time na segunda divisão. O custo é alto e a arrecadação inexistente. Quem mora no interior, gosta ou participa da vida do time local sabe o tamanho do problema. Alguns times tentam se transformar em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), mas como têm pouco a oferecer, precisam tomar cuidado para não caírem em ciladas. Disputar a segunda divisão é coisa para heróis. É tarefa árdua, uma luta.