A recente venda de ações da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), por preços considerados vil, já está gerando debates intensos nos bastidores da Assembleia Legislativa. Sobre o assunto, o deputado Dr. Jean Freire (PT) tenta colher 26 assinaturas, para que seja instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Objetivo é entender as razões consubstanciadas na decisão do governo, relativamente à concessão de ativos da empresa para um grupo chinês, quando várias cidades do Norte e Nordeste do estado se transformam nas maiores produtoras de lítio do mundo.
As aludidas ações da Companhia Brasileira de Lítio (CBL), até recentemente pertencentes ao grupo da Codemge, empresa do governo mineiro, foram adquiridas por firma da China a preços de oportunidade, deixando de levar em consideração que essa transação ocorreu no exato momento do aumento do volume da produção e da corrida pelo mineral. Só para reforçar a informação, o grupo asiático utiliza o lítio como principal insumo na fabricação de baterias para veículos elétricos.
Indagado, o governo mineiro se limita a afiançar que a transferência de ativos faz parte de uma decisão do Poder Público, com a finalidade de aumentar a eficiência e a organização da economia de Minas.
Dr. Jean Freire entende essa decisão por outro flanco. Em sua avaliação, o governador Romeu Zema (Novo) tem uma incontrolável ânsia para vender todos os ativos do estado. Para o político, é feita uma avaliação sem consistência, pois, ao longo do tempo, a Codemge estruturou, pesquisou e preparou o terreno, mas na hora do verdadeiro “boom” na produção, o Poder Executivo entra em cena e repassa os ativos a outros grupos.
Diante do início da operação da extração de lítio em cidades mineiras, a ações negociadas e, naturalmente, em poder internacional, já tiveram um lucro de mais de mil por cento, embora o montante da ordem de R$ 357,9 milhões já não pertence mais aos cofres da Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais.
O governador Zema esteve na Itália, semana passada, e já teria sinalizado a possível venda de outras estatais aos empresários daquele país. Por aqui, há um embate para evitar a cessão das ações da Cemig e da Copasa. Eis aí, uma luta de gigantes, embora não se saiba qual será o posicionamento dos deputados estaduais sobre o tema, pois cabe a eles analisar e aprovar essa inimaginável venda de ações.