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Mineirão, palco de discórdia

Já passou uma década do fim da administração tucana no comando de Minas Gerais, mas sempre volta à tona algum assunto que não tem entonação republicana nos bastidores do que foi a atuação da sigla naquele período. Isso ocorre em alguns setores, principalmente envolvendo grandes empreiteiras, por ocasião da construção da Cidade Administrativa, conforme a imprensa tem noticiado.

Não bastasse essa realidade, atualmente está em debate o modelo de contrato assinado entre o governo mineiro e a Minas Arena, com objetivo de formatar uma parceria público-privada (PPP), para administrar o Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão. O assunto tem proporcionado uma imensa controvérsia, inclusive, já se desenha até a possibilidade de se estabelecer uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no âmbito da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), com a finalidade de trazer à luz os detalhes dessa aludida PPP.

Ainda é preciso confirmação oficial, mas existe uma informação de bastidores apontando para um repasse de quase R$ 2 bilhões dos cofres públicos para a Minas Arena, de 2013 até agora. Seria a contrapartida do poder mineiro para fazer cumprir o documento tácito. É uma imensa celeuma, envolvendo o Ministério Público, ávido por obter mais detalhes, especialmente por se tratar de alta movimentação financeira.

Se tudo está sendo analisado, avaliado e averiguado, carece de se saber também sobre montantes pagos, ano a ano, pelo Tesouro Estadual. Há uma lista em poder da imprensa, contendo uma relação com os valores e, sem dúvida, é algo assustador. Por exemplo, em janeiro de 2013, de uma única parcela, teria sido transferida a soma de R$ 3.302.772. E mais, ainda; em novembro de 2021, R$ 5.261.887,20. Existe um calendário organizado, mês a mês, com demonstrativos do que pode significar essa farra com o dinheiro do contribuinte nestes mais de dez anos.

Alguns parlamentares estão imbuídos em encontrar uma vertente para estancar essa sangria dos cofres do governo mineiro. Porém, se nada for resolvido, órgãos de controle, como o Tribunal de Contas e a própria Justiça, devem ser acionados, tanto pelos deputados quanto pelo Ministério Público.

O governador Romeu Zema (Novo), certamente, terá todo interesse em se libertar deste verdadeiro impasse antigo, onde supostamente repousa uma incomensurável malversação do dinheiro da população do nosso estado. Esse assunto não pode ficar incólume e os envolvidos merecem uma punição.