Em torno de um terço dos casos de câncer se deve a fatores de risco, como fumo, consumo de álcool, obesidade, baixa ingestão de frutas e verduras e falta de exercícios físicos. “É uma parcela significativa e se refere a hábitos que poderiam ser mudados para prevenir a doença”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Dr. Clóvis Klock.
De acordo com Klock, os hábitos saudáveis precisam fazer parte de nossas vidas. “Praticar exercícios com regularidade e não ter uma vida sedentária ajuda a evitar não só o câncer, mas também outras complicações, especialmente cardiológicas e cardiovasculares. Aliado a isso, uma boa alimentação, com atenção ao consumo excessivo de carne vermelha e balanceamento das refeições com uma maior ingestão de fibras, presentes em frutas, legumes e verduras”, afirma.
Outro fator considerado de risco é o tabagismo. “O cigarro, incluindo os eletrônicos, está ligado diretamente a quase todos os tipos de câncer. Por isso, devemos focar nossos esforços na prevenção e para que, principalmente, os jovens não adquiram esse hábito. No caso das bebidas alcoólicas, a prevenção é a mesma, se puder não fazer uso, independente de datas comemorativas ou eventos, melhor para o nosso organismo”, acrescenta o Dr. Klock.
Além desse conjunto de causas evitáveis do câncer, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), infecções causadoras de câncer, como as provocadas pelo papilomavírus humano (HPV) e as hepatites, são responsáveis por cerca de 30% dos cânceres nos países de renda baixa e média-baixa. Existem vacinas para alguns tipos de hepatite e para os principais subtipos de HPV, vírus cujo risco de transmissão é reduzido com o uso de camisinha.
Câncer de pâncreas
Responsável por cerca de 1% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 5% do total de mortes causadas pela doença no Brasil, o câncer de pâncreas é o sétimo mais letal no país. São registradas no Brasil, anualmente, quase 12 mil mortes, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
O principal motivo para os números altos se dá pelo fato da maioria dos pacientes ter acesso ao tratamento nos estágios mais avançados. No início, o câncer no pâncreas apresenta sintomas pouco distinguíveis. Comparativamente, a taxa de sobrevida após cinco anos do diagnóstico é inferior a 5% nos casos de doença avançada (metástase). Com diagnóstico precoce, de acordo com o levantamento SEER, do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos, a taxa de sobrevida em cinco anos salta para 43,9%.
“Infelizmente, o câncer de pâncreas é difícil de diagnosticar precocemente porque os sintomas iniciais podem ser inespecíficos, como dor abdominal, perda de peso e fadiga”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, Heber Salvador de Castro Ribeiro.
Em relação ao tratamento, é necessário fazer uma análise criteriosa sobre o estágio da doença, da localização do tumor, da saúde geral do paciente e de outros fatores biológicos. “A cirurgia é o tratamento mais comum. A remoção do tumor pode afetar uma parte do pâncreas, o duodeno, a vesícula biliar e parte do estômago e, quanto mais cedo for a descoberta, melhor a cirurgia oncológica segura é efetiva”, explica Ribeiro.
Sintomas como fraqueza, perda de peso, falta de apetite, dor abdominal, urina escura, olhos e pele de cor amarela, além de náuseas e dores nas costas devem ser considerados um sinal de alerta. “Os principais fatores de risco para câncer de pâncreas são histórico familiar, idade avançada, tabagismo e obesidade. É importante consultar um médico para avaliação”, finaliza.