A partir do dia 20 de abril vai começar a funcionar um Comitê, ligado à uma Comissão de Administração Pública, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), com a finalidade de debater a execução do contrato de parceria público-privada (PPP) firmado entre o Estado e a empresa Minas Arena, referente à concessão do complexo do Mineirão. Em reunião realizada no dia 4 de abril, participaram 33 deputados; além do Samuel Lloyd, diretor comercial do Minas Arena; Sérgio Santos Rodrigues, presidente do Cruzeiro; Paulo Versiani, procurador do Estado; Pedro Bruno de Souza, secretário de Infraestrutura e Mobilidade; Adriano Aro, presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF); André Lamounier, diretor de comunicação do Atlético; e dezenas de torcedores do Cruzeiro.
A intervenção do Comitê de Esporte, Cultura e Lazer, prevista no contrato da PPP de concessão do Mineirão, seria uma forma de solucionar o impasse que tem afastado o esporte do estádio em 2023. O colegiado teria condições de impor à concessionária Minas Arena a cumprir a obrigação de sediar o mínimo de 66 partidas no local por ano. Neste ano, o Gigante da Pampulha sediou apenas três partidas de futebol.
Sob o comando do deputado João Magalhães (MDB), que preside a Comissão de Administração Pública, a audiência aconteceu atendendo a requerimentos de autoria dos deputados Oscar Teixeira (PP), presidente da Comissão de Esporte, e do professor Cleiton (PV), membro da comissão.
De acordo com o grupo, o problema afeta sobretudo o Cruzeiro, que depende do Mineirão para mandar seus jogos pelo Brasileirão, que começa ainda neste mês, e tem utilizado provisoriamente a Arena Independência, que pertence ao América. Já o Atlético, que atualmente também joga no mesmo campo, deve inaugurar seu novo estádio em breve.
Diante da repercussão, inclusive com a tentativa de instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na ALMG, o grupo deve fazer a primeira reunião no próximo dia 20. De acordo com o secretário de Infraestrutura e Mobilidade, Pedro Bruno de Souza, o Comitê já foi convocado e é a instância máxima, com a palavra final, para organizar o calendário de eventos do Mineirão.
Minas Arena X Clubes
O representante da Minas Arena, Samuel Lloyd, defendeu, entre muitos protestos da torcida cruzeirense, os riscos assumidos pela concessionária na reforma e depois na exploração do estádio, apontando que a contraprestação pode ser comprometida em até 60% da sua parcela variável. “Nosso compromisso é sempre levar o máximo de futebol possível ao campo. Nossa vontade é de atender 100% qualquer clube mineiro que deseje ser mandante no Mineirão”.
Já o presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, afirmou que o próprio contrato prevê que o Estado pode intervir para mediar conflitos advindos da PPP, inclusive extinguindo a parceria e retomando seu patrimônio. “Se o de natureza cível pode, o de natureza pública também pode, para garantir a supremacia do interesse público sobre o privado. Todas as arenas do mundo recebem shows, mas como elas, o Mineirão foi feito para receber prioritariamente o futebol”.
O diretor de comunicação do Atlético, André Lamounier, destacou que o Mineirão é a casa de todos, sejam eles atleticanos, cruzeirenses, americanos ou quem quer que seja. “Em relação ao Minas Arena, nós do Galo, temos uma relação cordial, embora crítica, sobre várias condutas da concessionária no decorrer dos anos em relação aos nossos pleitos. No entanto, tenho que registrar aqui a maneira sempre profissional que eles têm procurado discutir as questões que nos envolve. E achamos que o futebol tenha sido preterido em relação a agenda de shows e também fomos prejudicados por isso”.
Para finalizar, o presidente da FMF, Adriano Aro, disse que a vontade da instituição é que haja o maior número possível de jogos no Mineirão. Para isso, ele defendeu a busca de mediação entre a empresa e os times de futebol.
