Home > Economia > Pequenos negócios registraram saldo negativo de empregos em Minas Gerais

Pequenos negócios registraram saldo negativo de empregos em Minas Gerais

Foram 186.222 admissões e 186.767 desligamentos registrados no período / Foto: Freepik.com

Um levantamento realizado pelo Sebrae Minas, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostra que as micro e pequenas empresas (MPEs) do estado encerraram o primeiro mês de 2023 com um saldo negativo de -545 postos de trabalho. O resultado é a diferença entre 186.222 admissões e 186.767 desligamentos registrados no período, impulsionados pelo número elevado de baixas na atividade comercial.

O saldo geral de empregos nos pequenos negócios de Minas Gerais foi o oitavo pior do país, mesmo sendo responsável por 99,9% das admissões feitas no estado em janeiro. O número registrado nas médias e grandes empresas (MGEs) também foi negativo de -84 vagas.

O analista do Sebrae Minas, André Costa, explica que os saldos podem ser reflexo do desligamento de vagas temporárias abertas no fim de 2022. “Tivemos um crescimento um pouco maior nas admissões quando comparado com dezembro. No entanto, as demissões superaram as contratações, o que não foge ao padrão de sazonalidade para o período”.

Em comparação com dezembro do ano passado, as MPEs já haviam registrado um saldo negativo de -23.808 vagas de empregos, resultante da diferença entre as 90.094 contratações e as 113.902 demissões. Já no comparativo com o mesmo período de 2022, houve queda de 134% no número de vagas geradas pelas micro e pequenas empresas no estado.

O economista Paulo Roberto Bretas pontua que é preciso separar as pequenas e grandes empresas por setor. “Por exemplo, o comércio tem contratações e demissões sazonais associadas, principalmente, às festas de final de ano, os bancos estão fechando agências e buscando rentabilizar seus negócios. As famílias estão muito endividadas, colaborando para menos consumo e menores expectativas de vendas por parte das empresas. Também temos um novo governo que ainda não tirou do papel seus projetos de crescimento econômico. Além disso, tem os juros altos e as perspectivas de baixas vendas, que reduz a atividade econômica e impõe medidas de redução de custos diante da queda das receitas”.

Porém, ele acredita que a tendência é de estabilidade. “A economia mundial anda bastante instável em decorrência dos juros altos e dos problemas nos bancos dos Estados Unidos e também alguns da Europa. Tudo vai depender do grau de contágio e de confiança abalada. O setor bancário no Brasil é bastante sólido e bem regulado, somos uma economia relativamente fechada e sem integração com essas instituições que têm demonstrado dificuldades. Não há como prever, mas não vejo motivos para mais demissões, a não ser aquelas pontuais”, afirma.

Setores

O comércio foi o setor que gerou o pior saldo, com queda de 7.198 postos de trabalho. Agropecuária (-845) e indústria extrativa mineral (-240) também tiveram resultados negativos em janeiro. Em contrapartida, a construção civil foi a que registrou o maior número de contratações, 3.216 vagas e um crescimento de 149,5% no comparativo com dezembro. A indústria de transformação encerrou o mês com 2.684 (140,3% a mais que o mês anterior), enquanto serviços foi responsável pela criação de 1.838 empregos (elevação de 120,5%).

Segundo o economista, o saldo positivo na construção civil faz parte da dinâmica do setor. “Basta ver que as expectativas dos empresários vêm melhorando e existe um aquecimento nas vendas, a oferta tende a acompanhar as expectativas de demanda. Mas, sempre existe uma defasagem e os custos aumentaram recentemente, além dos financiamentos terem se tornado mais difíceis devido aos juros. Não creio que a tendência da categoria é se manter em alta nas contratações. A economia é bastante dinâmica e tudo pode mudar em função de crises e decisões políticas, somadas às mudanças que variam com os riscos e as expectativas”.