Pensadores de plantão em todo o Brasil avaliam que o momento vivido pelos estudantes das escolas públicas é de verdadeira dificuldade. O drama dos envolvidos nesta escalada de infortúnios vem desde o período da pandemia de COVID-19, cujo desejo era de que as instituições de ensino voltassem ao modelo antigo, porém, adotando um processo mais acolhedor, repensando a sua forma de ser e ensinar para a alfabetização. Pouca coisa positiva aconteceu neste sentido, para desalento dos pais e dos alunos que perderam esses anos de escolaridade. Isso é lastimável sob todos os aspectos. A pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professora Analise da Silva, rememora que a expectativa era no sentido de que os gestores públicos investissem a verba necessária em educação, com o objetivo de proporcionar que as escolas públicas fossem locais de acolhimento e de aprendizagem. Porém, a própria docente pondera que, no geral, as redes escolares não utilizaram o tempo do fechamento para planejarem o seu retorno e, como consequência, acabaram se apoiando na estrutura antiga. E, quanto mais as instituições tentam retomar as atividades como antes, mais ocorrem reações contrárias, muitas vezes em forma de sofrimentos, conflitos, violência, indisciplina e negação de aprender o que é o ensinado. Paralelamente a esse comentário, observa-se uma informação, segundo a qual, a falta de investimento para o segmento educacional e cultural do país vem ocorrendo desde 2016, por conta de cortes de verbas no ensino superior ainda mais, o não pagamento do piso nacional ao magistério, a falta de investimento em projetos, como o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), do Olhar Brasil, de incentivo aos esportes, entre outros. O resultado dessa situação pode ser notado nas salas de aulas, onde, de acordo com avaliação, os alunos na fase de alfabetização encontram completa dificuldade, chegando a um patamar de 73%, contra 58% no ensino médio. Já nos anos finais do ensino fundamental, (6º ao 9º ano), parece ser a falta do conhecimento dessa mais pura realidade. Já para os pais dos estudantes, sem saber exatamente o que fazer, apontam que a instituição, por ocasião do pós- -pandemia, não está fazendo o suficiente para avaliar a ausência do aprendizado e identificar as áreas que os adolescentes precisam de apoio. Alguns desses pais, inclusive, vaticinam que os professores conhecem pouco a respeito das dificuldades do aprendizado de quase metade dos alunos (46%), além de perceberem que para 49% deles há pouco apoio individualizado destinado a atender aqueles que não estão conseguindo acompanhar as aulas. Esse delicado tema já vem pautando os debates públicos ao longo dos anos, mas por conta do novo coronavírus, forçou-se a mudanças de hábitos, inclusive nesse segmento populacional. Portanto, resta ao governo federal, em parceria com os estados e municípios, encontrarem um critério mais humanizado para atender a quem se sentiu prejudicado nesses dois fatídicos anos de pandemia. É essencial o estabelecimento de uma política pública para dirimir essa demanda e outros percalços que atormentam a vida de nossa gente, especialmente da população mirim e de origem humilde, quase sempre à mercê da boa vontade das ações do governo, para que esses menores tenham aulas e ensinamento com o mínimo de dignidade. Se o Brasil almeja ser desenvolvido, logo tem de providenciar o encaminhamento de uma solução duradora para a demanda dessa estirpe, afinal, é sempre bom rememorar que todos os países que investiram pesado no ensino, hoje, são nações desenvolvidas. Que esse exemplo sirva de espelho para nossas autoridades.