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Xadrez: jogo de tabuleiro é considerado o esporte da mente

Ano passado foram 632 torneios realizados na modalidade / Foto: Arquivo pessoal

O xadrez é um jogo de tabuleiro conhecido por ser o esporte da mente. Os atletas dessa modalidade não correm, não saltam e não se movimentam, apenas fazem a partida acontecer por meio do raciocínio. Em 2016, a Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados reconheceu o xadrez, além do pôquer e damas, como atividades a serem inseridas no Calendário Esportivo Nacional do Ministério dos Esportes.

Conforme Ricardo Salim, vice- -presidente da Federação Mineira de Xadrez (FMX), qualquer pessoa pode iniciar no esporte e não há limite de idade. “Para o atleta participar de campeonatos estaduais é preciso que seja filiado à FMX. Se o torneio for a nível nacional ou internacional, o jogador deverá ser inscrito junto à Confederação Brasileira de Xadrez (CBX) e à Federação Internacional de Xadrez (FIDE), respectivamente”.

Ele complementa dizendo que todos os torneios têm regulamentos e são publicados na página da Federação. “Essas regras indicam como a pessoa pode participar das competições. Geralmente, há uma taxa de inscrição que é usada para custear o campeonato”.

De acordo com a CBX, o maior número de eventos esportivos de xadrez da história foi registrado no ano passado, com 632 torneios realizados, todos válidos pelo ranking internacional da FIDE, incluindo as 22 etapas do circuito nacional. A melhor marca havia sido em 2018, quando foram promovidas 545 competições.

Salim acredita que a prática do xadrez está crescendo no país. “Porém, o esporte ainda não é valorizado, há pouco investimento, apesar de um número razoável de jogadores. E a considerar os benefícios, principalmente na fase escolar, os incentivos poderiam ser maiores e mais frequentes”.

A enxadrista Ana Gabriela Lobato Resende relata que começou a praticar e a participar de campeonatos aos 14 anos. “Na época, a escola onde eu estudava estava convocando as alunas para representá-la nos Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG), na categoria feminino. Com o tempo, fui me apaixonando cada vez mais pelo esporte”.

Ela é a terceira colocada no Campeonato Brasileiro e Mineiro de Xadrez Rápido, na categoria feminino, ambos em 2022. “Além desses torneios, fiquei em primeiro lugar, por três anos consecutivos, na etapa microrregional do JEMG. Também ganhei prêmios em várias competições municipais, algumas realizadas pela Liga Regional de Xadrez (LRX)”, afirma.

Ainda de acordo com a enxadrista, normalmente, não há restrições para os jogadores participarem de campeonatos, exceto os torneios para públicos específicos, como o JEMG e os jogos universitários. “As competições costumam ser divididas em categorias, o Campeonato Brasileiro se divide em ‘absoluto’ (homens e mulheres juntos) e ‘feminino’. Já no Campeonato Mineiro, todos jogam entre si, mas a premiação é separada por absoluto e feminino. Alguns torneios têm categorias por idade”.

Xadrez para crianças e adolescentes

Ana Gabriela também é professora do programa de extensão “Xadrez nas Comunidades”, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), que tem como objetivo estimular a prática do esporte entre crianças e adolescentes, em situação de vulnerabilidade social, nas escolas e outros espaços públicos. As atividades são abertas e gratuitas.

Ela explica que o projeto apresenta às crianças e adolescentes um esporte que, para muitos deles, é novidade. “O xadrez estimula a concentração, o raciocínio lógico e intelectual dos jovens, o que colabora tanto para o rendimento escolar quanto para suas vidas pessoais. Também promove a socialização e inclusão das crianças de diversas idades e classes sociais. Podemos ver o xadrez como uma ferramenta de incentivo aos estudos, mas também como uma forma de emprego ou renda no futuro”.

O programa leva discussões sobre o tema para as escolas, com o propósito de acabar com o estigma de que esse esporte é só para pessoas inteligentes. “Também tentamos incentivar mais as meninas a praticarem o xadrez, visto que a participação das mulheres é minoritária. Atualmente, no projeto, metade são alunas e achamos que isso pode aumentar a representatividade feminina no meio”, complementa Ana Gabriela.

Segundo a enxadrista, por enquanto, o projeto alcança os alunos de São João del-Rei e as cidades vizinhas de Tiradentes e Santa Cruz de Minas. “Também temos parceria com um enxadrista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pretendemos, no futuro, expandir as ações para Divinópolis, Ouro Branco e Sete Lagoas, onde a UFSJ tem campus”, conclui.