Conforme dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 13 de dezembro, o setor de serviços apresentou queda de 0,6%, na passagem de setembro para outubro, interrompendo uma sequência de cinco resultados positivos seguidos, quando acumulou ganho de 4,5%.
Dessa maneira, o segmento se encontra 10,5% acima do nível pré-pandemia e 0,6% abaixo do patamar mais elevado da série histórica, alcançado em setembro de 2022. O acumulado de janeiro a outubro chegou a 8,7% e, em 12 meses, 9%.
A economista Valquíria Assis pontua que a queda no volume de serviços, em outubro, já era esperada pelo mercado. “O ramo vive uma desaceleração decorrente dos efeitos da recuperação econômica, após as restrições criadas pela pandemia. Avalia-se que essa tendência de recuo deve se manter para os próximos meses, mas os serviços prestados às famílias podem apresentar algum aquecimento à frente”.
Ela esclarece que o setor impacta diretamente no Produto Interno Bruto (PIB). “A categoria é a que mais emprega e representa cerca de dois terços da atividade econômica, então um recuo influencia diretamente na criação de vagas de trabalho e aumento na renda média do trabalhador. Vale ressaltar também que o endividamento das famílias inibe o crescimento, pois, com dívidas, as pessoas mudam hábitos, consomem menos, não investem tanto em lazer e reduzem gastos”.
Queda
A maior influência negativa no resultado foi do setor de mobilidade (-1,8%). No geral, três das cinco atividades analisadas tiveram queda. De acordo com Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa, foi observada uma disseminação de taxas negativas, com declínio no transporte terrestre (1%), aquaviário (0,6%) e aéreo (10,1%), e a parte de armazenamento, serviços auxiliares e correio (1,2%). “Assim como em uma análise entre os tipos de uso, com diminuição tanto no transporte de passageiros quanto no de cargas. A retração no aéreo ocorreu em função do aumento nas passagens observado no mês de outubro de 27% para 38%”.
A categoria de serviços prestados às famílias também apresentou inclinação, com resultado de -1,5% na comparação com setembro. Já o de serviços profissionais, administrativos e complementares apresentou retração de 0,8%, também quando comparado com o último estudo.
Resultado positivo
Em sentido oposto, informação e comunicação (0,7%) e outros serviços (2,6%) exerceram as contribuições positivas do mês, com o primeiro setor acumulando um ganho de 4,7% entre julho e outubro. “Isso se deve, principalmente, ao segmento de tecnologia da informação que permanece com seu dinamismo. O movimento começou em maio de 2020 e se perpetua, com predomínio grande de taxas positivas nesse período, o que não foi diferente em outubro”, esclarece Lobo.
Turismo
O índice de atividades turísticas caiu 2,8%, eliminando parte do ganho verificado no período julho-setembro (3,0%). Com isso, o turismo se encontra 2,5% abaixo do patamar de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 9,6% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014. Entre as 12 localidades pesquisadas, Minas Gerais (1,4%) assinalou o principal avanço regional, após registrar recorde negativo em setembro.
Valquíria ressalta que o estado vem se destacando cada vez mais no cenário nacional. “Turismo e cultura são fundamentais para a diversificação econômica. E, nos últimos anos, ações políticas têm sido desenhadas a fim de descentralizar as experiências no território, sobretudo por meio dos circuitos. Depois da pandemia ter impactado fortemente esse setor, Minas tem conseguido se recuperar.”
Oito estados acompanharam o declínio na atividade turística nacional (-2,8%). A influência mais relevante ficou com São Paulo (-3,6%), seguido por Rio (-3,4%), Distrito Federal (-7,8%), Rio Grande do Sul (-3,6%) e Paraná (-3,2%).