Os antigos conjuntos de casas populares e, no caso de Minas Gerais, ao estilo concebidos pela Companhia de Habitação de Minas Gerais (Cohab Minas), parecem estar com os dias contados. Empresas particulares, especializadas no assunto, estão interessadas por esse modelo de projeto. O poder público não se mostrou eficiente na continuidade de construir e vender a preços módicos e receber longas prestações dos novos proprietários.
Ocorre que o nível de inadimplência no estado e, também, no resto do Brasil foi imenso, a ponto de inibir os investimentos essenciais à continuidade da proposta. Milhares de imóveis foram construídos e ocupados sem a devida quitação das parcelas, com isso, o sistema que financiava esse modelo exauriu. Foi aí que a iniciativa privada entrou em cena, com atuação híbrida, ou seja, o “Minha Casa, Minha Vida” financiado mediante investimentos próprios, por exemplo, usando parte do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), perante a tutela de empresas do ramo da construção civil, com relativo sucesso até então.
Todavia, esse cenário requer atenção no que diz respeito ao interesse dos empresários, inclusive do exterior. Eles, de certo modo, perceberam que esse é um bom negócio. Tanto assim, que empresas internacionais estão chegando ao Brasil e escolhendo, principalmente, estados do Nordeste para iniciarem suas articulações. Em princípio, Ceará e Rio Grande do Norte foram as apostas de um grupo italiano, por meio de uma companhia com sede em Londres. A Planet Smart City anunciou um aporte financeiro de R$ 300 milhões em 2023 para erguer habitações destinadas a pessoas de baixa renda.
Entretanto, neste ano, já foram iniciadas novas investidas. Eles, aos poucos, estão caminhando para os grandes centros. Tanto que anunciaram uma parceria com a construtora paulista Inloop, que pertence à Casa8. Assim, após modestas construções na cidade de São Paulo, estão projetando dois edifícios para o próximo ano, com prédios de até 500 unidades. Só para registrar, no município, por conta da falta de espaço físico, a opção é arquitetar as denominadas habitações verticais como forma de acomodar mais pessoas.
Essa realidade deveria acender o sinal amarelo, não apenas do governo, mas também de empresários brasileiros. É importante dizer que, no Brasil, a indústria da construção civil é uma referência. Aliás, este segmento cresceu tanto que, nos últimos anos, empresas como a MRV Engenharia se especializaram nesse padrão. Em consequência disso, a corporação galgou prestígio no país e caminhou em direção a outros continentes, hoje está presente até nos Estados Unidos.
Diante dessa comprovada expertise, é de se imaginar que a atual administração, mesmo não tendo como barrar a presença de estrangeiros nesse tipo de negócio, seja seletiva, visando prestigiar as empresas nacionais. Ademais, o novo governo deve ficar atento para saber as reais intenções desse grupo italiano. Como se diz no ditado popular: “não existe almoço grátis”.