Já imaginou fazer uma compra e receber de volta parte do dinheiro gasto em crédito para novas aquisições? Esse é o princípio do cashback, programa que se popularizou no Brasil nos últimos anos. Para os consumidores, a vantagem é economizar com retornos que variam entre 5% e 10%, podendo chegar até a 50% em alguns casos. Já as empesas têm a oportunidade de fidelizar os clientes.
O especialista em educação financeira Felipe Borges explica que o sistema é comum na Europa e Estados Unidos. “Por lá, a prática é bastante utilizada e os usuários já estão acostumados. No Brasil, o modelo surgiu em meados de 2011 e não despertou tanto interesse no começo. Nos últimos anos foram desenvolvidas várias plataformas e aplicativos que disponibilizam o serviço. E, com isso, ele foi caindo no gosto popular e tem ficado cada vez mais conhecido”.
Ainda segundo Borges, as empresas que oferecem o cashback têm uma vantagem a mais em um mercado bastante competitivo. “Isso influencia na escolha de compra do consumidor. Quando ele observa que receberá daquela loja algum benefício, sempre volta para adquirir mais produtos para continuar ganhando créditos. Essa é uma boa estratégia de fidelização, além de garantir maior visibilidade para a marca e fazer as vendas aumentarem”, afirma.
A modalidade é mais comum em compras on-line, mas também existem lojas físicas que aceitam. “Hoje em dia, com a facilidade oferecida pelos smartphones, a maioria das pessoas utiliza as plataformas de e-commerce. Para se ter uma ideia, as vendas virtuais faturaram R$ 161 bilhões em 2021, mesmo com as adversidades da COVID-19. Esses dados apenas demonstram a magnitude e a força que esse mercado tem”.
Segundo o especialista, pesquisas mostram que o Brasil tem cerca de 6,4 milhões de estabelecimentos cadastrados em programas de cashback. “Cada site funciona de maneira diferente. Alguns dão o crédito ou saldo em carteiras digitais para ser usado em compras futuras em lojas parceiras, mas também existem aqueles que realizam a devolução por meio de transferência bancária”, esclarece.
Ele acrescenta que, no cashback, o cliente não fica limitado a determinados produtos e serviços. “Ele tem liberdade e pode usar o valor que possui no que quiser, sem estar atrelado a nenhuma loja. Diferente de programas de pontos e milhagens em que é necessário atingir uma certa quantidade para trocar e ainda possuem validade”.
Na visão do economista Thiago Soares, o cuidado é primordial ao usar programas de cashback. “As pessoas precisam checar a confiabilidade do site, verificar se não há reclamações sobre a página e dar preferência para plataformas conhecidas no mercado. Além disso, o consumidor deve avaliar se a compra é necessária ou está sendo feita por impulso apenas para receber o benefício”, alerta.
Por último, Soares salienta que alguns serviços cobram mensalidade para serem usados. Nesse caso, o cliente tem que colocar na ponta do lápis para saber se o volume de compras vai dar crédito suficiente para suprir o valor da assinatura. “É preciso avaliar os pontos positivos e negativos. Mas o que todos devem ter em mente é evitar os gastos desnecessários”, conclui.
Retorno garantido
A auxiliar administrativa Karina Rocha já faz uso do cashback há alguns anos. “Tem sido vantajoso para mim. Sempre busco sites confiáveis, confiro os preços, condições e o valor que vou receber de volta. Também compro diversos itens quando a família me pede, pois assim consigo ganhar ainda mais créditos. Nos últimos meses, adquiri presentes para aniversários, Dia das Mães e garanti ainda as lembranças para o Natal. Quanto mais alto o valor, maior é o cashback”, conta.
Ela afirma que tinha conhecimento dos programas de recompensa, mas quando foi pesquisar mais sobre o tema ficou entusiasmada. “Essa ideia de receber dinheiro de volta por algo que comprei me chama muito a atenção. O melhor é que posso fazer tudo pelo aplicativo no meu smartphone. Participo de um sistema que o crédito não expira e posso usar para futuras aquisições. O crédito fica em uma carteira digital. Às vezes, acabo comprando até o que não vou usar só para acumular os valores”.