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10% das mulheres brasileiras são afetadas pela endometriose

7 milhões de mulheres sofrem com essa doença inflamatória e crônica no Brasil / Foto: Divulgação/Internet

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a endometriose afeta cerca de 10% da população feminina, sendo mais frequente entre mulheres de 25 a 35 anos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 7 milhões de brasileiras sofrem com essa doença inflamatória e crônica, enquanto que mundialmente este número chega a 180 milhões.

Somente em 2019, 11.790 brasileiras precisaram de internação por causa da doença. Tanto que a OMS reconheceu a endometriose como um problema de saúde pública em maio de 2021. Uma pesquisa recente realizada pelo portal focado em maternidade Trocando Fraldas com 5 mil mulheres revelou que 69% delas não sabem os sinais da patologia, principalmente entre jovens de 18 e 24 anos.

O médico ginecologista Cassiano Moreira explica que essa é uma doença inflamatória benigna, definida pela presença de células endometriais fora da cavidade uterina. Os sintomas podem ser diversos. “Os mais comuns são dores na região pélvica no período menstrual, na hora de evacuar e fazer xixi, assim como durante a relação sexual”.

Outro sinal é a dificuldade para engravidar. De acordo com a médica ginecologista, obstetra e professora do curso de Medicina, Etiene Galvão, isso ocorre devido às alterações na anatomia dos órgãos reprodutores. “A endometriose causa mudança na ovulação, na secreção de prolactina e na fase folicular, na anatomia pélvica, além de levar a insuficiência da fase lútea. Por isso, a fecundidade pode variar em torno de 2% a 20% em casais cujas mulheres apresentam endometriose não tratada”.

Diagnóstico tardio

Recentemente, a cantora Anitta contou que, após 9 anos sentindo dores, finalmente teve o diagnóstico da doença, o que levantou a discussão acerca da conscientização da patologia.

Moreira diz que, muitas vezes, as mulheres se acostumam a sentir dor. “O diagnóstico ainda demora, pois os sintomas são subestimados por elas, pelos companheiros e familiares. A procura pelo ginecologista só acontece quando os sinais começam a atrapalhar a qualidade de vida, até porque a endometriose está presente em 6% a 12% de todas as mulheres em idade fértil”.

Etiene conta que a média estimada entre o início dos sintomas até o diagnóstico definitivo é de aproximadamente 7 anos devido aos indícios comuns com outros problemas ginecológicos e gastrointestinais. “Em alguns casos, pode ser assintomática até em estágios mais avançados. Atualmente, temos a análise presuntiva, clínica, laboratorial, de imagens e a videolaparoscopia”.

Ela relata que a doença pode afetar outros lugares além da pelve ou abdômen, como as vísceras pélvicas e peritônio; pulmão; região vesical, umbilical e apêndice.

Tratamento

Moreira informa que o tratamento da endometriose deve levar em consideração a apresentação clínica, se a paciente tem dor, infertilidade ou massa nos ovários, a gravidade dos sintomas, se eles limitam a qualidade de vida da pessoa ou não, a localização e extensão da doença, a idade e o desejo reprodutivo, os efeitos colaterais das medicações e as complicações em caso cirúrgico. “A endometriose deve ser vista como uma doença crônica que precisa de cuidado clínico correto, evitando procedimentos desnecessários”.

Julieta Rodrigues sentiu os primeiros indícios da patologia após sua primeira relação sexual. “Existia um incômodo e quando entrava no período menstrual, sentia cólicas fortes. Deixei passar muitos anos para relatar ao ginecologista e as dores ficaram cada vez piores. Em uma das consultas contei o problema e o médico solicitou um ultrassom e fui diagnosticada com endometriose”.

Depois do segundo filho, ela diz que as dores ficaram insuportáveis. “Há 3 anos, quando fiz outro ultrassom, a endometriose já tinha avançado pelas trompas, alcançado a cavidade pélvica e a região abdominal, ovários, tuba/ trompas, bexiga e próximo ao reto. Durante esse tempo busquei informações, mais uma vez realizei outro ultrassom e, graças a Deus, ela havia estabilizado e não precisei passar por uma longa e arriscada cirurgia”.